Para cultivar o gênero Entrevistas

Revista Cult - 20 anos - melhores entrevistas
Revista Cult – 20 anos – melhores entrevistas

Passei três anos lendo o livro Cult 20 anos – melhores entrevistas! O leitor vai estranhar. Por que passar três anos lendo um livro? 

A gente explica

Um dos gêneros discursivos de que mais gosto é o de entrevistas. Acho gostoso conhecer o que os outros pensam, como agem, de que forma interviram no mundo e outras coisas mais. E a entrevista, quando bem construída, é uma formidável maneira de fazer a gente conhecer mais a produção intelectual ou artística de alguém.

Uma coisa é ler uma entrevista, outra é ler 30 entrevistas com pensamentos e sensibilidades de homens e mulheres tão diversos.

A cada entrevista era necessário, pesquisar alguma coisa, reler partes de alguma obra do entrevistado, assistir a um filme, ouvir uma música: um verdadeiro esforço intelectual e sensitivo; por sinal muito prazeroso.

O leitor bem sabe que aqui não fazemos apreciações longas sobre as obras, somente despertamos o gosto pela leitura, por isto comentaremos só alguns pontos do livro.

Comecei a leitura por Noam Chomsky, pois conhecia o intelectual do tempo de faculdade e as minhas impressões sobre ele giraram em torno da imagem do pesquisador restrito à área da linguagem. Mas fiquei impressionado com a mudança de rumo tomada por Chomsky. O vigor intelectual do linguista para falar de política e questões sociais é ímpar. Noam Chomsky saiu da zona de conforto e arvorou discutir outras coisas além das circunscritas às ciências da linguagem. Ponto para ele.

Já Claude Lévi-Strauss nos dá uma lição sobre brasilidade mostrando o poder das pesquisas etnográficas.

Zygmunt Bauman traz na fala duas metáforas interessantes: a questão do caçador e a do jardineiro. Pois é, eu ainda não tinha pensado daquela forma. Que metáforas são essas? Ah, leia o livro!

Lars Von Trier fez uma entrevista breve, mas não perdeu a profundidade. Saramago teve de se alongar um pouco mais, para nos presentear com um verdadeiro ensaio de crítica literária. Muito bons!.

Ah, as mulheres! 

Rita Kehl é provocadora e subverte o olhar psicanalítico ao falar das coisas da nossa vida cotidiana. Reli a entrevista da Marilena Chaui: foi uma renovação do espírito (político). Lygia Fagundes Telles fala de literatura como uma avó que nos conta uma história de ninar. Para abordar coisas difíceis nem sempre é necessário utilizar palavras duras.

E assim o livro foi se apropriando do meu espírito e me provocando a pensar mais. A leitura não precisava ser rápida e alucinante, pois era necessário usufruir do tempo como o mito de Kairós. 

Como não será possível comentar todas as 30 entrevistas, fizemos o quadro abaixo com os nomes de todos os entrevistados e dos entrevistadores. Estes, pela sabedoria da escuta, souberam fazer florescer 30 reflexões substantivas da intelectualidade de uma época.

Cult - Entrevistados e Entrevistadores
Cult – Entrevistados e Entrevistadores

Lembre: neste mês de julho a revista Cult completa 23 anos de existência. Viva a Cult!


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Publicado por Cleonilton Souza

Educador nas áreas de educação, tecnologias e linguagens.