
Era uma tarde de chuva e o final de semana se aproximava. Eu já estava cansado de ler, revisar e escrever de novo.
Fui até a janela lateral de casa e vi muita gente, em plena pandemia, caminhando na praça, jogando futebol, deslizando no skate.
Voltei os olhos para a varanda e só via concreto, janelas e janelas…
Que fazer?
Estava na hora de zapear o canal de vídeos para ver se encontrava algum filme bom.
Os algoritmos não paravam de trabalhar nos bastidores tentando deduzir qual era o meu filme preferido, fazendo ofertas intermináveis de filmes pelos quais eu não me identificava.
Em um dado momento, o código computacional sugeriu o filme Do que as mulheres gostam, com Mel Gibson e Helen Hunt.
Pensei, pensei…
Ah, vou arriscar: um filme tão badalado!
Do que as mulheres gostam conta a história de um homem que sempre esteve na companhia de mulheres, mas não tinha sensibilidade para o feminino.
O protagonista tinha uma visão patriarcal do mundo, agia de forma machista e era apático com as mulheres que o rodeava. O que interessava para ele era o erótico, o toque e os desenhos voluptuosos das personas femininas.
Estávamos diante de uma comédia romântica típica de se assistir nessas tardes cheias de chuva.
Mas não é que de repente um incidente doméstico acontece e causa distúrbios de toda ordem no comportamento do fanfarrão?
É então que o ex-marido, namorador e pai se vê em um emaranhado de situações em que consegue ler o pensamento feminino?
O bon vivant inicia uma jornada, que vai da apatia, do machismo e da insensibilidade, para um processo de autopercepção, consciência, descobertas, deleites e desgostos sobre o que seja viver.
Será que ele vai se reencontrar?
Usará os novos poderes para o mal?
Quer saber: assista ao filme.
A narrativa é de fruição e trata de questões da existência de maneira leve, sem querer ultrapassar certos limites.
Um desfile de assuntos como invisibilidade das pessoas, questões da ética e amorosidade se entrelaçam, oferecendo ao espectador momentos de leveza.
Estão lembrados que começamos este texto escrevendo sobre a monotonia de um dia chuvoso, em que não se pode sair para ver o mundo? Mergulhei na história e me vi aos risos em alguns momentos e pensativo em outros.
Às vezes não é preciso assistir a narrativas densas para se pensar sobre a vida e sobre as relações que estabelecemos no mundo.
O filme passou rápido. Ele me ajudou no revigoramento para o dia seguinte e no desligamento necessário das coisas do trabalho. São nessas horas que a gente agradece ter acesso a artes tão mágicas como a do cinema.
Ainda descobriremos o que as mulheres desejam?
Quem sabe?
Quem dirigiu? Nancy Meyers
Em que ano? 2000
Qual a origem? Estados Unidos
Leia+
Descubra mais sobre Canal EPraxe
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.