
O 2020 foi um ano atípico devido ao advento da pandemia. Mas isto não impediu que houvesse produção cultural criativa e necessária, tanto como entretenimento quanto como aprendizagem.
Este é o caso do documentário AmarElo, É tudo pra ontem, de Emicida, que trouxe um misto de making off do show e cenas panorâmicas da história brasileira a partir da visão das comunidades negras de descendência africana.
Para começar, o show teve o compromisso social de levar à sala do Theatro Municipal de São Paulo os cidadãos da periferia paulistana, para que estes pudessem conhecer e se aproximar de um patrimônio público, que deveria estar aberto para toda a população, mas se reveste como instrumento de controle de acesso das populações mais carentes da capital paulista, visto haver diversificados óbices para que as populações periféricas visitem aquele espaço cultural. Ponto para os organizadores!
O evento foi construído em três atos: Ato I – plantar; Ato II – regar; Ato III – colher. Por meio desse campo semântico do processo de plantação, os organizadores do documentário trazem uma narrativa que revela a jornada histórica de busca de libertação pela diferença e construção da identidade do povo negro que aportou no Brasil a partir do período colonial.
Há assim um resgate de momentos históricos junto com apresentação de personalidades que, de uma forma ou de outra, lutaram para a construção da nação brasileira, seja no mundo das artes, seja no mundo das ciências, seja no campo da discussão filosófica.
Assim o espectador explora momentos do Movimento Negro Unificado e faz aflorar personalidades negras relevantes para a cultura brasileira, como Lélia Gonzales, Abdias do Nascimento, Machado de Assis, Mario de Andrade, Wilson das Neves, Marielle Franco, dentre outros.
O documentário é uma aula de história, pois rediscute como determinados fatos sociais ficaram ofuscados em relação às contribuições das comunidades negras de origem africana, que ajudaram na construção da nação brasileira.
O que se espera é que esse tipo de iniciativa floresça aqui no país, e o Brasil ressignifique músicas como Querelas do Brasil, de Aldir Blanc, e possa gritar: O Brasil conhece o Brasil.
E precisamos disto para ontem!
Até a próxima!
Sobre a obra
O que é? AmarElo, é tudo para ontemQuem dirigiu? Fred Ouro Preto
Quem apresentou? Emicida
De que ano foi? 2020
Onde assisto? Plataforma Netflix
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