A fase Pré-Capitalismo de Vigilância

A fase Pré-Capitalismo de Vigilância
A fase Pré-Capitalismo de Vigilância

Hoje está muito forte a discussão em torno do Capitalismo de Vigilância, esse estado de convivência em que o comportamento humano é rastreado cotidianamente por algoritmos, formando base de dados gigantescas sobre tudo o que fazemos quando navegamos na Internet.

Mas o hábito de capturar dados, sejam eles demográficos (nome, CPF, idade etc.) ou dados comportamentais (as nossas ações costumeiras) não é de agora.

Já faz tempo que empresas de seguros calculam os valores dos seguros de carro, por exemplo, com base no comportamento pregresso do segurado. Os bancos também não ficam atrás, pois há muitos anos as instituições financeiras guardam dados sobre os clientes e, com base no histórico comportamental de quem deseja empréstimo, estabelece os limites aos quais os cidadãos poderão tomar algum dinheiro emprestado. Os empréstimos não são liberados tendo como base somente o nível de renda, mas levam em conta toda a vida pregressa do cidadão, ou seja, o que fizemos no passado importa muito. 

O Estado também tem prática constante de guardar nossos dados demográficos e comportamentais para estabelecer que tipo de política social será implantada, ou seja, há muito tempo somos vigiados, e os nossos dados se encontram em mãos de depositários, e nem sempre saberemos se eles serão fiéis a nós e responsáveis socialmente com as informações que lhes foram confiadas.

Todas essas práticas pertencem a uma era que poderíamos chamar de Pré-Capitalismo de Vigilância, em que a captura de dados sobre nós era feita de forma manual e semiautomática. Hoje estamos no contexto do Capitalismo de Vigilância, que é sustentado por avançados meios tecnológicos que facilitam o processo de colheita de dados. A vigilância se expandiu, e os nossos dados comportamentais viraram moeda. Eles valem muito, e a gente nem sempre tem consciência disto.

Informamos nosso CPF e data de nascimento de maneira rotineira, compartilhamos fotos e vídeos íntimos com frequência em mídias sociais digitais e já não nos preocupamos tanto com a nossa privacidade, algo que se constitui como um direito fundamental a ser preservado, mesmo para aqueles que acham que não há problemas em expor o privado no dia a dia.

A gente só se preocupa com o direito à privacidade no dia em que temos algum prejuízo, como ver nossa imagem exposta de forma jocosa em contextos inadequados ou quando temos prejuízo financeiro porque deixamos nossos dados à mercê da esfera pública. Ainda temos muito que aprender sobre privacidade.

Para o momento, o que precisamos compreender é que estamos em um contexto de ascensão do Capitalismo de Vigilância, em que nosso comportamento é moeda de troca e está trazendo lucros para pessoas que a gente nem conhece.

Pois é, ainda temos muito que caminhar para entendimento mínimo deste complexo contexto de convivência vigiada. E você, leitor, o que está aprendendo com tudo isto?

Até a próxima!




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Publicado por Cleonilton Souza

Educador nas áreas de educação, tecnologias e linguagens.