Por novas manhãs de setembro

Manhãs de setembro
Manhãs de setembro

Pela extensão da história, Manhãs de setembro daria um bom longa metragem, ainda mais que o cinema brasileiro não tem por tradição construir histórias longas. Já seria um começo. Mas os produtores decidiram por compor uma minissérie, de cinco capítulos, com duração de menos de 40 minutos cada.

O resultado da minissérie é a construção de uma narrativa pela via dos comuns para retratar a história de uma mulher trans, que busca autonomia na vida. Mas quando a tal da autonomia está próxima, um fato inusitado acontece. O argumento é interessante.

Manhãs de setembro traça a jornada de Cassandra, que ao conseguir finalmente ir morar em um apartamento próprio, descobre que tem um filho, fruto de uma relação com uma outra mulher tempos atrás. Aqui começam os dilemas de Cassandra. Como uma pessoa que deseja independência, um filho, na visão da personagem, criaria problemas para realização da tão sonhada autonomia.

Manhã de setembro bem se aproxima da linha construtiva poética de Carlos Drummond de Andrade, pois há um entrelaçamento de histórias, que se combinam e se digladiam construindo uma história maior. Na narrativa há um homem casado que se apaixona por uma mulher trans, mas não consegue viver plenamente o relacionamento, esse homem tem uma filha que está descobrindo outras formas de viver a sexualidade. A mulher trans, Cassandra, teve um relacionamento hétero, ao qual não gosta de lembrar; a ex-mulher da mulher trans sobrevive em estado cotidiano de insegurança social; o filho da mulher trans deseja ter um pai, somente um pai, o filho da mulher trans tem uma amiga esperta que traz na sombra uma história para contar, a mãe da amiga do menino possui segredos sublimados, que o leitor só poderá saber quando assistir à minissérie. A mulher trans tem um amigo que é casado com outro amigo.

A trilha sonora de Manhãs de setembro é muito gostosa de ouvir. O resgate histórico das músicas interpretadas por Vanusa, em que Liniker registra voz, é muito pertinente e se combina com o tipo de narrativa construída.

E assim a história vai se construindo como se fosse um redemoinho, convidando o espectador a entrar na roda e vivenciar e reconhecer outras formas de se viver aqui na terra.

Um ponto de destaque da história é que os criadores não se deixaram levar pelos estereótipos batidos das contações de história sobre a comunidade LGBTQI+ e resgatam os personagem sob múltiplas facetas de representação social, como um gay que adora futebol e uma mulher trans que é motogirl. Ponto para os organizadores.

Até a próxima!

Por fim, é preciso lembrar da atuação da atriz Liniker, que se liberta da representação social de ser só cantora e avança em outros terrenos, demonstrando que aqui na Terra estamos todos para ser Mais, muito Mais, Demais.



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O que é? Manhãs de setembro {minissérie}
Quem dirigiu? Luis Pinheiro e Dainara Toffoli
Quanto durou? 171 min
Quem são os atores?
  • Cassandra – Liniker
  • Ivaldo – Thomás Aquino
  • Leide – Karine Teles
  • Gersinho – Gustavo Coelho
  • Grazy – Isabela Ordeñes
  • Décio – Paulo Miklos
  • Aristides – Gero Camilo
  • Zaki – Breno Ferreira
  • Irene – Clébia Sousa
Onde assisto? Plataforma Amazon Prime

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Publicado por Cleonilton Souza

Educador nas áreas de educação, tecnologias e linguagens.