Pandemia, afetos e toques

Pandemia, afetos e toques
Pandemia, afetos e toques

Gente, o texto desta semana foi escrito com mais perguntas do que afirmações. É um texto de incômodo mesmo, pois envolve o futuro de todos nós.

Estamos no período de final de campeonatos, e os estádios estão liberados para receber os torcedores. Estes torcedores que estão cansados do processo de isolamento físico imposto pela pandemia do Coronavírus desde o início de 2020, pelo menos aqui no Brasil.

O que esperar de um torcedor que esteja no estádio e presencie um gol, daqueles tão esperados gols do time querido? Os torcedores se abraçam? Se beijam? Gritam alucinadamente?

Que dizer dos pancadões, dos encontros nos bares e dos espetáculos musicais e teatrais? As pessoas ficarão distantes o suficiente para evitar contaminação pelo Coronavírus?

E as crianças nas escolas? Que educação daremos para elas quanto às emoções a serem vivenciadas com os encontros com os outros colegas?

E os adolescentes? Não se abraçarão mais nem se beijarão até terem certeza que o enamorado não está contaminado?

E como serão as relações entre pais e filhos, avós e netos, tios e sobrinhos, e entre irmãos quando se encontrarem? Como deverão se comportar? Como trabalhar tantos sentimentos?

A pandemia é um problema de saúde, de política, de economia, mas também é um problema de sentimentos, que atravessa as emoções das pessoas, e não fomos criados nem mesmo educados para lidar com os sentimentos relacionados à proximidade física e ao toque.

O toque tem peso de ouro na cultura brasileira: as pessoas se aproximam quando estão em fila, elas gostam de dar um toque na outra quando estão conversando, dependendo da região de origem, e esses gestos influenciam demais na forma como vida cotidiana se realiza.

Quantos estranhamentos acontecem quando alguém pede a uma outra pessoa que use máscara ou mantenha uma distância segura nos encontros face a face. Quantos constrangimentos quando alguém resolve não abraçar ou beijar o outro com receio de ser contaminado. Os toques são hoje motivos de afetos e desafetos ao mesmo tempo.

De toda esta situação surgem novas perguntas quanto à convivência nos dias pandêmicos (será que viveremos um período pós-pandêmico?): 

Só podemos ser afetados pelo toque?

Não querer tocar o outro é sinal de desamor?

Os micro-organismos mudarão a cultura humana do toque?

De que formas conviveremos de agora em diante?

E como os enamorados irão se comportar?

Comecei o texto cheio de dúvidas e acho que as carregarei comigo durante um bom tempo.

Observação: optei por escrever a palavra Coronavírus sempre como inicial maiúscula, pois preciso sinalizar para mim o quanto esses entes não humanos orientam a vida aqui na terra. E este processo de conscientização vai demorar muito tempo para amadurecer.

Até a próxima!


Trabalho licenciado com Creative Commons

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Publicado por Cleonilton Souza

Educador nas áreas de educação, tecnologias e linguagens.