
Se um extraterrestre viesse à Terra e fosse ao cinema e lá assistisse a filmes sobre discriminação, preconceito e racismo, é bem provável que ele saísse da sala escura pensando ter assistido a um filme de terror, de suspense no mínimo, não pensaria que filmes sobre as temáticas acima são em geral classificados no gênero drama. Mas o filme Master (Fantasmas do passado) vai na contramão das construções narrativas tradicionais e cria uma história misto de terror e suspense, tratando da questão do racismo.
A abordagem lembra situações corriqueiras que hoje já aparecem nos meios de comunicação, com depoimentos de pessoas que são discriminadas no dia a dia por ter cabelo diferente, ou da pessoa perseguida em uma loja pelo fato de ter pele escura, ou mesmo situações de pessoas serem perseguidas e xingadas por motivo fútil, em que a cor da pele vira argumento de discriminação: são cenas horror. A cada minuto é um suspense: “Será que vão me abordar?”, “Vão querer revistar minha bolsa?”, “Serei alvo de bala perdida?”. São perguntas difíceis de se fazer, mas necessárias para reflexão.
Voltando a Master, o filme conta a história de três mulheres que por caminhos diferentes ingressam em uma universidade de elite estadunidense. A narrativa explora a simbolização dos fantasmas como elementos que atravessam os espíritos das pessoas em algum momento da vida, trazendo desconfortos e medos diante das situações corriqueiras de convivência. Serão os fantasmas sobrenaturais?
Em Master, os fantasmas se repetem e recuperam coisas do passado, ocasionando experiências dolorosas quanto às vivências étnicas aos quais os negros têm de passar. Os fantasmas criam os medos sociais, causam assombro, destroem identidades. Os fantasmas são dissimulados, pois a gente nunca sabe se aquilo é real ou coisa da imaginação, enquanto sente no mais profundo do ser.
Os fantasmas afetam nossos lugares de fala, de posição social, de gênero, de sexualidade, de pensamento e de sentimento. Eles podem fazer a gente desistir de tudo e de todos. Os fantasmas não nos divertem. Eles trazem assombro nos jogando para a marginalidade e para a inadequação, mas é preciso viver, refletir e resistir.E nada melhor para refletir do que ver essas construções simbólicas como Master que brincam com os gêneros discursivos de maneira transgressiva para nos alertar e nos convocar a pensar mais sobre os males advindos dos diversos modos de separação social: de gênero, de raça, de classe, de idade e por aí vai.
O que é? Master (Fantasmas do passado) Quem escreveu e dirigiu? Mariana Diallo Quem atuou? Regina Hall, Zoe Renee e Amber Gray Quanto tempo? 1h 39min
Até a próxima!
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