
Foi em 1972 que assisti ao filme nacional Independência ou Morte, que contava a história da independência política brasileira. O filme me marcou, pois foi a primeira vez que entrei em um cinema e ainda obtive muitas informações sobre um fato relevante da história brasileira.
E ainda fiquei mais feliz quando percebi que os atores que apareciam nas telenovelas brasileiras, e eram considerados galãs e musas nacionais, eram os mesmos que protagonizavam aquela narrativa. Era o ano de comemoração dos 150 anos de independência do Brasil e nas escolas aquele assunto era recorrente.
Cinquenta anos depois, tenho ainda muito carinho por aquele dia, mas percebo que a história do país não foi só aquilo que a narrativa contava como acontecimento de independência do país.
Hoje estamos nos 200 anos de independência oficial do Brasil e nestes 50 anos entre 1972 e 2022 ainda se reverenciam o Grito do Ipiranga como marco histórico mais importante de insurreição do Brasil contra a situação de colônia subserviente.
Toda essa narrativa criou a imagem de um suposto herói que faz uma declaração às margens de um rio sobre a emancipação política de um país. Mas a emancipação política de um país não se resume a uma declaração ou estabelecimento de uma lei. A emancipação vai-se construindo a cada dia, a cada nova fase que se apresenta na jornada de construção histórica de um povo.
Perguntas se tornam necessárias fazer: o Brasil se emancipou realmente como nação em 1822? Como nos tornamos independentes por meio da ação de um estrangeiro, colonizador, oriundo de uma família real fugitiva? Família esta que abriu mão da própria soberania diante de ataques que estava sofrendo no próprio território e se furtou de ficar no país de origem e lutar. Existe independência sem luta dos principais interessados na questão? A independência pode se originar de boas intenções e concessões de um invasor?
Pois é, precisaremos rever a história do Brasil e saber o que ocorreu no período entre setembro de 1822 e julho de 1823 quando o povo desta terra enfrentou diariamente os algozes colonialistas em busca da genuína independência brasileira.
Até que provem algo diferente, as lutas que foram até o Dois de Julho de 1823 na Bahia ainda são os sinais de verdadeira busca por independência do Brasil.
Hoje percebo o filme de outra forma, cheio de questionamentos sim e sem os deslumbramentos da época de criança e quando vejo os comentários sobre a independência do país me vem uma pergunta: qual independência?
E você? Como está percebendo os 200 anos de independência oficial do Brasil?
Até a próxima!
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