
Uma das coisas que mais fazemos na vida é a atividade de leitura. Desde a nossa vivência útero até a velhice estaremos descobrindo alguma coisa do mundo por meio da leitura.
Mas a leitura não se resume apenas à leitura do mundo e à leitura de textos, mas se expande como prática social, alcançando múltiplas formas, como a leitura de imagens, de vídeos e, hoje, a leitura de códigos digitais.
Fui descobrindo a leitura de textos bisbilhotando a pequena biblioteca do meu pai. Ele tinha uns 20 livros de capa dura, a maioria sobre assuntos da área de saúde, que ficavam em uma pequena mesa no canto da sala. Eu ainda não sabia ler, mas fiquei fascinado com aqueles pequenos registros que ocupavam a página e, para mim, ampliavam o mundo, trazendo coisas que eu desconhecia.
Aqueles livros criaram em mim uma vontade de ir para a escola para aprender a ler e escrever. Foi na escola que encontrei dois colegas que me fascinaram pelos hábitos que eles tinham de ler. Um deles vivia durante o intervalo na biblioteca, procurando coisas para ler, enquanto a outra colega ficava lendo a cada semana um novo livro, no intervalo, muitas vezes na sala de aula durante o intervalo.
Se todos iam brincar no intervalo, por que eles tinham aqueles hábitos tão peculiares? Não sabia eu que a leitura também é uma forma de brincadeira.
Lembro que a maioria dos estudantes lia com interesse em obter boas notas, mas só isto, mas os dois colegas tinham prazer em ler tudo o que aparecesse.
Em casa, meu pai e meu tio, sempre que era possível, traziam revistas usadas do trabalho. Meu tio trabalhava em uma empresa de transporte intermunicipal. Lá os passageiros esqueciam várias revistas que depois eram descartadas no lixo. Meu tio, sabendo do meu interesse por leitura, catava a maioria e trazia para mim. Já meu pai era zelador de um prédio em área nobre de Salvador e recebia dos patrões diversas revistas usadas, que as crianças do prédio haviam lido e não se interessavam mais.
No meu primeiro emprego comprei o primeiro número da coleção Literatura Comentada, da editora Abril, e tive oportunidade de ler textos sobre Gilberto Gil e Álvares de Azevedo. A partir daquele primeiro número, busquei novos livros da coleção, o que me ajudou bastante a conhecer um pouco da cultura brasileira letrada. Daí em diante, passei a comprar livros para leitura e consulta até chegar ao acervo que tenho hoje.
Junto com a leitura de textos, fui aprendendo a ouvir músicas nas primeiras rádios FM dos anos 1970, ir ao cinema e teatro, o que ampliou mais minha vontade de ler. A leitura é um processo que leva a vida toda!
Passei por algumas situações bem interessantes sobre o processo de leitura. Certa vez recebi um amigo em casa, e ele pasmado com a quantidade de livros nas estantes, perguntou se eu já havia lido todos aqueles livros. Tive de explicar a ele que alguns livros servem para consulta, mesmo não sendo dicionários, mas que aquilo não tirava a importância de tê-los em casa. Em outro momento, uma colega de trabalho me confidenciou que havia tanta coisa para ler que não haveria tempo suficiente para a leitura durante a vida. Fiquei comovido com aquilo, uma vez que é um tipo de sentimento que também compartilho. Por último encontrei uma colega do tempo da escola no ensino fundamental que me confidenciou que acorda cedo para fazer a leitura diária e que tem o hábito de ler mais de um livro ao mesmo tempo sobre assuntos diferentes. Enquanto ela falava, meus olhos brilharam, pois tenho um hábito bem parecido há anos e como foi bom reconhecer alguém que comunga do mesmo hábito.
Procuro ler por meio dos mais diversos formatos, sejam eles papel, telas eletrônicas de computadores, aparelhos de livros eletrônicos, tablets, smartphones ou TV. Tudo é motivo para a prática da leitura.
Falta tratar de um último tipo de leitura que venho me dedicando nos últimos anos que é o de ler códigos computacionais. fico fascinado como o humano criou linguagens para que nós humanos nos comuniquemos com as máquinas. Pois é, não sei programar como fazem os cientistas da computação, mas busco entender como os algoritmos funcionam e como eles influenciam a vida cotidiana. Este é o meu atual desafio de leitura.
Estas são algumas das vivências que tive e tenho com as leituras que atravessam a vida cotidiana. É assim que vou descobrindo mais e mais coisas sobre o mundo em que vivemos por meio dessa prática tão deliciosa chamada leitura.
Até a próxima!
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