Chico César, aos vivos

Aos Vivos

A publicação da semana traz reflexões sobre o disco Aos vivos, de Chico César, que completa 30 anos de lançamento em 2025.

Há 30 anos passei um bom período ouvindo quase diariamente o disco de Chico César, Aos vivos. Do CD saía um som tão realista, que quando eu fechava os olhos parecia que Chico César estava na mesma sala que eu, tocando um violão vertiginosamente, tal era a qualidade daquela tecnologia na época.
Sei que nos anos 1990, muitas pessoas, que gostavam de música, eram apaixonadas por sons graves de alta fidelidade e não davam tanta atenção aos recursos técnicos do CD, pois eram adeptas dos sulcos encravados no velho bolachão, o LP, mesmo com os ruídos que a tecnologia trazia.
Mas a prova de que o som que saía daquele CD era de excelente qualidade foi a visita de uma vizinha que foi nos visitar e que, curiosamente, perguntou se eu sabia tocar violão. Pois é, do lado de fora do apartamento, a impressão da vizinha era parecida com a minha: havia alguém no apartamento tocando violão sem parar.
Quanto às músicas em si, Aos vivos fazia uma revisitação à música popular brasileira, reverenciando o cancioneiro popular por meio da ressignificação de ícones como Jackson do Pandeiro, Caetano Veloso, Gilberto Gil e por aí vai…
O interessante era que a revisitação tinha identidade própria, em cada música havia um João Bosco, um Luiz Gonzaga, mas com o jeito de ser de Chico César.
Aquelas imagens de Chico César no disco me traziam uma imagem mística e misteriosa de Buda. Chico César nos convidava a transcender por meio da música, o disco era uma viagem única em um mergulho harmonioso pelas ondas das melodias culturais brasileiras.
Os temas eram uma encenação à parte. Chico César toca poeticamente, com os pés bem fincados no chão, registrando nas letras temas como o racismo, as desigualdades sociais, as questões de gênero, mostrando que arte e política dão uma boa feijoada filosófica.
Voltei a ouvir Aos vivos 30 anos depois com uma sensação de saudosismo e renovação. Quanto ao som do violão? Continua o mesmo, provocando nossos ouvidos e nos convidando a continuar nossa viagem de cultivo à sensibilidade em mundo cheio de motivos para roubar nossa atenção .
Até a próxima!
Dados da obra
O quê? Aos vivos {CD}
Quando? 1995
De quem é? Chico César
Alguém mais? Lenine Lanny Gordin (guitarrista)

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Publicado por Cleonilton Souza

Educador nas áreas de educação, tecnologias e linguagens.