A educação segundo Renato Russo

A educação segundo Renato Russo
A educação segundo Renato Russo

De vez em quando as plataformas de mídias sociais nos lembram de alguma postagem que publicamos. Desta vez o texto foi uma bricolagem com as ideias de Renato Russo que têm proximidade com educação. Fizemos na época uma espécie de entrevista fictícia com o letrista.

As letras das músicas de Renato Russo eram múltiplas, com versos que abordavam diversas temáticas, o que fez da banda Legião Urbana um marco na MPB nas décadas de 1980 e 1990.

Boa leitura!

Quem foi seu mestre?

“Uma menina me ensinou
Quase tudo que eu sei”

Como você planeja suas atividades?

“Às vezes parecia que era só improvisar E o mundo então seria um livro aberto,”

Que tipo de homem você intenta educar?

“Disciplina é liberdade”

Como você curte seu tempo em sala de aula?

“Todos os dias quando acordo,
Não tenho mais o tempo que passou
Mas tenho muito tempo:
Temos todo o tempo do mundo.”

Que relações de poder você vivencia com seus educandos?

“Tire suas mãos de mim,
Eu não pertenço a você,
Não é me dominando assim,
Que você vai me entender,”

Que significados suas atividades produzem em sala?

“Será só imaginação?
Será que nada vai acontecer?
Será que é tudo isso em vão?
Será que vamos conseguir vencer?”

Onde está o prazer em suas aulas?

“Não saco nada de Física
Literatura ou Gramática
Só gosto de Educação Sexual
E eu odeio Química!”

Que realidade você está discutindo?

“Que país é esse?”

Como você avalia suas atividades pedagógicas?

“Quantas chances desperdicei
Quando o que eu mais queria
Era provar pra todo o mundo
Que eu não precisava
Provar nada pra ninguém.”

Que vínculos há entre suas aulas e a realidade?

“Mudaram as estações e nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
É por isso que, rinoceronte sem chifre,
Está tudo assim tão diferente”

Que você tem feito para aprender?

“Palavras são erros e os erros são seus
Não quero lembrar que eu erro também”
E unidas sempre encontramos essas duas coisas:
“A insegurança não me ataca quando erro”

Que tipo de política você defende?

“Deve haver algum lugar
Onde o mais forte não
Consegue escravizar
Quem não tem chance”

Adaptação das obras:
Ainda é Cedo, Andrea Dorea, Daniel na Cova dos Leões, Há, Tempos, Será, Química, Quase sem Querer, Por Enquanto, Eu Sei
e Fábrica

Até a próxima!

Interligadas

Pensamentos – Maria Rita Kehl

Pensamentos – Maria Rita Kehl

Gaia poesia em Nietzshe

Imagem Gaia Poesia
Gaia Poesia

Brincadeiras, astúcias e vingança são escritos iniciais de Friedrich Nietzshe no livro A gaia ciência.

Ao ler os textos não sei se são poesias, aforismos ou filosofia do cotidiano. Não importa. Os textos são uma Beleza! O que sei é que o texto é uma Gaia Ciência em forma de Gaia Poesia.

Escolhemos dez dos 63 textos para o leitor se deliciar.

Boa leitura!

1. Minha felicidade

Depois de estar cansado de procurar
Aprendi a encontrar.
Depois que um vento se opôs a mim
Navego com todos os ventos

2. Sabedoria do mundo

Não fiques embaixo
Não subas muito alto
O mundo é sempre mais belo
Visto à meia altura

3. O desdenhoso

Como ando semeando ao acaso
Me tratam de desdenhoso.
Aquele que bebe em copos muito cheios
Os deixa transbordar ao acaso –
Não continuem a pensar mal do vinho.

4. Contra a vaidade

Não tinha te infles, caso contrário
A menor picada te fará explodir.

5. O próximo

Não gosto que meu próximo esteja muito perto de mim:
Que vá embora para longe e para as alturas!
Senão, como faria para se tornar minha estrela?


6. O Solitário

Detesto tanto seguir como conduzir.
Obedecer? Não! E governar, nunca.
Aquele que não é terrível para si. não incute terror a ninguém,
E só aquele que inspira terror pode comandar os outros.
Já detesto guiar-me a mim próprio!
Gosto, como os animais das florestas e dos mares,
De me perder durante um bom tempo,
Ancorar-me, sonhando, em desertos encantadores,
De me chamar a mim mesmo, por fim, de longe,
E de me seduzir a mim mesmo.

7. Princípio dos demasiado sutis

Melhor andar na ponta dos pés
Do que com quatro patas!
Melhor passar pelo buraco da fechadura
Do que pelas portas abertas!

8. A meu leitor

Boas maxilas e bom estômago –
É o que te desejo!
Depois de teres digerido meu livro,
Certamente conseguirá entender-te comigo!

9. Vaidade de poeta

Deem-me cola, e eu mesmo
Encontrarei a madeira para colar
Encerrar um sentido
Em quatro rimas insensatas –
Isso não é por acaso pequena vaidade!

10. O nariz torcido

O nariz avança insolente
No mundo. A narina infla –
É por isso que, rinoceronte sem chifre,
Homem altivo, tu cais sempre para frente!
E unidas sempre encontramos essas duas coisas:
A altivez rígida e o nariz torcido.

Até a próxima!


O que é? A gaia ciência (capítulo Brincadeiras, astúcias e vingança, p. 19-32)
Quem escreveu? Friedrich Nietzshe
Quem traduziu? Antonio Carlos Braga
Quem editou? Editora La Fonte

Pensando com André Comte-Sponville 2

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Nara Couto: linda e preta – beleza negra do Curuzu

Nara Couto in Outras Áfricas
Nara Couto in Outras Áfricas

Dia 23 de outubro tive o prazer e o deleite de ouvir Nara Couto no show, e que show, Outras Áfricas, no projeto Voltando aos Palcos do teatro Castro Alves, Salvador, Bahia.

O evento aconteceu na sala de coro do Teatro. Sem público e com a área da plateia em estado de penumbra, aquelas cadeiras escurecidas por sombras de um público que ainda não podia sair de casa.

No espetáculo um desfile do que há de mais afro na Bahia. Bahia de todos os orixás, travestida de todas as Áfricas. A cada música um sinal do Olodum, do Ilê Aiyê, do Malê, do Muzenza e do Badauê. É beleza pura, como diria Caetano.

E os tambores rufaram samba, samba de roda, blue, ijexá e afoxé, compondo o que há de mais genuíno na música baiana deste início de milênio. 

No palco, Nara Couto sendo lindamente perscrutada por uma câmara ousada, circulante como um redemoinho, captando cada gesto, cada tom de cor, cada sorriso largo e silencioso da cantora.

Acompanhando Nara uma requintada banda do que há de mais qualidade nos redutos da música baiana: Ladson Galter, no contrabaixo, Marcelo Galter, no piano, e Reinaldo Boaventura fazendo o papel de baterista e percussionista ao mesmo tempo. Que luz! Que som! Que força!

Eles quatro foram feitos um para o outro. Muita harmonia nessa hora. O ouvinte vai sendo tomado a cada canção, a cada toque da bateria, ressonância do baixo ou dedilhar no teclado. Tudo isto a serviço de uma voz ímpar.

E ímpar é a voz de Nara Couto que se junta a um time afro-baiano de cantoras diferentes como Margareth Menezes, Luedji Luna, Jussara Silveira, Juliana Ribeiro, Virginia Rodrigues, Marcia Castro, Mariene de Castro, Xênia França, Larissa Luz… É preciso ter reticência mesmo.

E Nara é o resultado de múltiplas influências como Roberto Mendes, Capinam, Mateus Aleluia, Carlinhos Brown, Jarbas Bittencourt e Batatinha, sem deixar de se referendar em cantoras internacionais como Miriam Makeba, Sara Tavares e Lura. A mulher é um caldeirão musical.

Fico imaginando Nara Couto ainda criança nas ruas do Curuzu, bebendo do legado do Ilê e dos referentes afros comuns daquele espaço étnico da diáspora africana. E aquele crescente desejo de cantar, cantar para estabelecer novos vínculos, cantar para criar diferenças e construir novas identidades.

Até a próxima!

Que é isto? Outras Áfricas
Onde foi? projeto Voltando aos palcos, transmissão da sala de coro do Teatro Castro Alves.
Quando foi? 23 out 2020
Quem estava lá? Nara Couto (cantora), Ldson Galter (contrabaixista), Marcelo Galter (pianista) e Reinaldo Boaventura (baterista e percussionista)
Ainda posso assistir? Siiiiiim: no canal YouTube do TCA.

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Pensando com Celso Lafer

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