Poesia mais do que nunca

 

Parte da imagem da revista Cult Antologia Poética

 


A revista Cult lançou um caderno (não sei se chamo de livro ou revista) com poesias que rolam no circuito literário brasileiro da atualidade.

A poesia brasileira continua se movimentando; se misturou aos videoclipes na Internet, se derramou nas praças públicas e nos movimentos periféricos e
participa das diversas feiras de literatura Brasil afora.
Se você imagina que a poesia morreu está muito enganado.
E a Cult não deixou por menos: lançou a antologia poética recheada de textos gostosos de ler.
A antologia parece ser uma mistura dos filmes Bacurau e Coringa por trazer mensagem insólita, periférica e revolucionária. Os poetas da coletânea parecem fugidos da casa grande. Não sei se são a alma do Saci Pererê ou a irreverência de Macunaíma: caminhantes da cultura brasileira à procura de redenção e identidade.

 

 
Eles são antropófagos – não têm medo de dizer a própria palavra. Viva Paulo Freire!
Eles são o retrato de uma face do Brasil de hoje que também precisa mostrar a cara e desviar-se, num movimento de capoeira, de ataques contra a nossa brasilidade.
O time de escritores rebelados é acompanhado dos sete samurais. Não, não! Não seriam samurais! Seriam cangaceiros na melhor representatividade do imaginário brasileiro. São os sete ilustradores que tiveram a incumbência de desenhar traços tão belos para expressar o quanto são lindas as poesias desse movimento da Cult.
Não vai ter imagens das ilustrações aqui, não, caro leitor! Não vai ter trechos das peças poéticas muito menos. A gente precisa beber mais poesia! Parafraseando as palavras do poeta Gilberto Gil: “A gente precisa ver o luar”.
Observação: há uma frase no início da coletânea com os seguintes dizeres: “Poemas para ler antes das notícias”. Mais uma vez vamos parafrasear: Poemas para ler antes de ir trabalhar.

Que é isto? Cult – Antologia Poética
De quem é a curadoria e edição: Alberto Pucheu
Quem ilustrou a capa: PV Dias
Quem revisou? Bárbara Prince
#euleioacult

#EducarNaParaxe

 

Pensando com Olafur Eliasson – Parte II

Pensando com Olafur Eliasson - Parte II
Até a próxima!

Dimensões tecnológicas de interesse do educador

Dimensões Tecnológicas

O aprimoramento de competências é uma dimensão óbvia na formação de qualquer educador. Já fizemos aqui uma pequena discussão a respeito das competências essenciais do educador corporativo, mas é necessário voltar ao assunto, abordando os aspectos do relacionamento do educador com as técnicas que surgem cotidianamente.
São muitas as invenções no âmbito das tecnologias da informação e comunicação (TIC) que surgem neste início de milênio. Quando o educador imagina que está atualizado, aparecem novas soluções tecnológicas, exigindo permanente estado de alerta sobre como lidar com tamanha novidade.
Se se pensar no que seria importante para o educador aprender no campo das tecnologias, a lista de itens de aprendizagem seria imensa. Talvez seja necessário o educador fazer a si próprio perguntas como: esta tecnologia interessa para a educação? Que influências esta tecnologia trará para os ambientes de ensino-aprendizagem? Ou como estas tecnologias estão impactando na vida cotidiana das pessoas?
Você poderá criar mais questionamentos sobre seu processo de aprendizagem em relação às técnicas que vão surgindo. Lembre-se: o desenvolvimento educacional é sempre um estado permanente de reflexão sobre a vida profissional.
Para efeito deste artigo, vamos tratar de cinco dimensões essenciais em tecnologias que são necessárias o educador aprender.

Vamos lá?

A primeira dimensão é da Internet das Coisas (IOT). Hoje dispositivos pensantes estão em todo lugar e tempo: é o GPS acoplado no rádio do carro, a caixa de som que serve como nossa agenda ou mesmo um microchip instalado no nosso corpo para prover informações que poderão servir para melhorar nossa saúde.
A IOT não atua sozinha. Junto com ela vem uma verdadeira avalanche de soluções sofisticadas que se aproximam do que chamaríamos de inteligência humana inclutada dentro de máquinas: a Inteligência Artificial (IA).
Provavelmente em nosso celular, há uma aplicação que transforma em voz textos que a gente escreve, há outras que traduzem textos em linha cruzadas para diversos idiomas. Há aplicativos que conversam com a gente, e não percebemos que estamos traçando um diálogo com uma máquina. Os exemplos são numerosos.
Acha muito impactante haver essas soluções em IOT e IA? Pois é, por traz dessas duas invenções humanas, há uma mais antiga, que são os algoritmos. É esta solução, que já existe há muito tempo, que comanda e organiza os procedimentos das IA e está incorporada nos dispositivos da IOT.
Parece receita de bolo: junte-se uma pitada de IOT em um dispositivo de IA, construído sob um conjunto de algoritmos bem elaborado e é possível provocar na sociedade uma vida de alta conexão. As pessoas hoje, as que têm acesso à Internet, vivem com o celular na mão, imergem em jogos eletrônicos, buscam carros cheios de hardwares e softwares que não a deixem distante do mundo da cultura digital. É a tal da Hiperconectividade.
Pensa que acabou? A centrtalidade de repositório informações não está mais na cabeça do educador. Hoje existe Big Data, grandes quantidades de dados podem ser armazenados em máquinas superpoderosas, que organizam e direcionam muito da construção do conhecimento no mundo. Precisamos estar atentos. E fortes!
E o educador vai ficar longe de tudo isto que está acontecendo? Vai ficar em salas de aula com quadro branco promovendo aula expositivas o tempo todo?
Precisamos pensar sobre isto, pois ainda há educador que acha que é bom se apropriar de tecnologia por meio de procuração: “Ora quando preciso de alguma coisa de tecnologia, é só falar com o técnico da escola” ou “Não preciso aprender tecnologia. Já existem os programadores!”.
É claro que o educador não precisa ser um experto em TIC, mas quando essas tecnologias entram na sala de aula, o professor precisa repensar o assunto, pois os aparatos tecnológicos possuem uma potencialidade ambígua: ao mesmo tempo em que eles podem ajudar na promoção do homem, eles também podem ser usados para submeter esse mesmo homem a um processo, de difícil volta, de alienação.
Sendo assim a melhor forma de lidar com as TIC é compreendê-las bem e ter proficiência nos diversos usos que interessem à educação.
Este assunto ainda não vai terminar aqui. Temos muito o que conversar sobre este intrincado relacionamento homem x técnicas.

Isto ficará para uma próxima oportunidade.

Até a próxima!

Luz sobre Elza Soares

Larissa Luz e Elza Soares

 


 

 
Elza Soares é cantora única, pois consegue navegar pelo samba, pelo rap e pela bolsa nova com maestria e elegância. Elza sabe de onde fala, o que fala e como fala.
Por falar em lugar de fala, Elza já foi posta atrás de Garrincha, mas ela soube muito bem se pronunciar como cantora da música popular brasileira, que não se submeteria à perspectiva hegemônica do futebol. Elza tem identidade.
Elza é ousada. Quando todo mundo endeusava a dimensão criativa da classe média brasileira como arauto da bossa nova, Elza lança um disco intitulado Bossa Negra, resgatando a influência afro que atravessa a bossa nova.
Ela foi mais ousada ainda quando perguntaram de que planeta ela viera, e a cantora respondeu de forma visceral, que viera do planeta fome. Naquele momento Elza Soares já traçara que caminhos deveria seguir como artista brasileira oriunda das instâncias desprestigiadas das classes pobres brasileiras.
Por este breviário histórico já se percebe o quão é difícil reinterpretar Elza Soares, pois a artista tem um legado complexo dentro do cancioneiro popular brasileiro. Mas existem mulheres peraltas por este Brasil afora, que não se contentam em si próprias e resolvem estabelecer pontes entre Elza e o resto do mundo.
É o que faz Larissa Luz no show Larissa canta Elza Soares – Do Cóccix até o Pescoço, uma apresentação artística em que Larissa reinterpreta algumas das clássicas interpretações feitas por Elza Soares, tendo como repertório principal, o disco Do Cóccix até o Pescoço.
 
Do Cóccix até o Pescoço é um trabalho artístico significativo da autora. Na época de lançamento do disco, Elza está afastada do mercado fonográfico brasileiro sem conseguir lançar nada.
 
Do Cóccix até o Pescoçodemarca a volta de uma Elza moderna, hipermoderna, tratando a música brasileira de maneira diferenciada, cantando samba, rap, fado e o que mais lhe desse na cabeça.
 
E olha que o disco foi vendido em bancas de revistas em um encarte luxuoso que trazia fotos primorosas com meninas negras vestidas em estilo black power.
Aí aparece Larissa, que antes já tinha participado de um musical em homenagem à própria Elza durante o ano de 2018, da qual ela obteve o Prêmio Bibi Ferreira de teatro de melhor intérprete de musical.
 

Quem é essa tal Larissa, gente?

 
Larissa começou a carreira como cantora de axé musica na banda Araketu, esta já tinha sido uma banda de música afro-baiana, mas que se rendeu ao movimento da música mais dançante do axé baiano. Depois Larissa seguiu em carreira solo de cantora, mas já construindo músicas próprias, influenciada pelas batidas dos retumbes que ecoavam da cultura africana do século XXI.
 

E como foi o show?

 
O que esperar de uma cantora que passeia pelo teatro, compõe e interpreta a nova música afro-brasileira? Se você pensa que vai encontrar uma imitação técnica perfeita das interpretações de Elza Soares está por fora da força de Larissa. No show a cantora-luz brinca de Elza Soares. Ela incorpora o santo de Elza, mas não deixa de ser Larissa Luz.
 
Os antropólogos deveriam assistir a esse show, pois terão muitos ingredientes para estudar as questões das representações e das identidades. O santo de Elza baixa em Larissa e elas se amam e cantam harmoniosamente, pois todas as vezes em que Larissa faz os trejeitos de Elza, a alma da cantora que reinterpreta está ali, latente e feliz. É um encontro de almas que confabulam e se referenciam em um espetáculo.
 
Se Elza Soares é uma grande cantora, Larissa Luz também o é. Por isto do grande encontro entre quem interpreta e quem reinterpreta, provocando um momento de luz e inquietação no cenário musical brasileiro.
 
Ganha o espectador que é fã de Elza, também ganham os seguidores de Larissa, genuína representante da hodierna música popular brasileira.
 
E aí? Este texto não vai fazer comentários sobre cada música do espetáculo? Olha, o melhor é você ir ao show, pois ouvir Larissa não é momento para elucubrações e comentários técnicos sobre o teor musical. Ouvir Larissa é um momento de fluidez, de curtir a vida, de se encontrar com a própria brasilidade.
 
Até a próxima!
 

Pensando com Cipriano Luckesi

Pensando com Cipriano Luckesi
Até a próxima!

 

Os andarilhos da utopia

Imagem Paulo Freire - o andarilho da Utopia

Em outubro deste ano, Salvador teve o privilégio de assistir ao espetáculo Paulo Freire – o andarilho da utopia. A peça, mais do que um retrato sobre o educador brasileiro se traduz em um momento de alegria em ver pessoas reunidas em um momento de utopia em que a energia está canalizada para o bem da humanidade.
A obra de arte é um misto de filosofia, ciência e arte em benefício da educação. O projeto artístico é um monólogo em forma de cantorias e declamações feitas por Richard Riguetti, ator de teatro e profissional circense, com 40 anos de vivências nas artes da representação; com Junio Santos no processo de dramaturgia e Luiz Antonio Rocha no trabalho de encenação.
A construção teatral navega por representações da literatura, entrecortando caminhos da poética da música popular brasileira. O teatro, a música e a poesia se encontram e produzem um efeito simbólico expressivo.
Paulo Freire – o andarilho da utopia trabalha com a sutilidade ao utilizar-se de figuras de linguagem para construir o itinerário poético-filosófico do educador da Pedagogia da Autonomia. É um olhar diferente, pois estamos acostumados a ler Freire como um trabalhador da educação e da política e por vezes esquecemos o quanto de poético há nos escritos deste autor da intelectualidade brasileira.
Segundo os autores da obra, a proposta é produzir uma peça artística junto com os espectadores, fazendo com que, em alguns momentos, o público faça pequenas intervenções na construção artística.
Antes do início da peça, o ator-protagonista passeia pela portaria do teatro numa conversa informal como espectador, o que provoca aproximações entre as expectativas das pessoas e o que está por vir na apresentação artística.
Ao final houve um bate-papo com a turma, em que as pessoas puderam dialogar com os artistas criadores a respeito do processo de construção da peça e ainda foi discutir um pouco questões relevantes do contexto histórico-social pelo qual passamos no Brasil.
Se você aprecia o pensamento de Paulo Freire, vá ao espetáculo; se você ainda não conhece Paulo Freire, dê uma oportunidade de se aproximar do desconhecido e verificará o quanto Freire tem que ver com a genuína cultura brasileira.
A peça está atravessando o Brasil. Fique ligado para quando o espetáculo ocorrer em sua cidade.
Até a próxima!
#EducarNaPraxe
#CulturaNaPraxe