Nossa Senhora da Pólis

Oração à Nossa Senhora da Pólis – padroeira dos eleitores brasileiros

Minha Nossa Senhora da Pólis, perdoa-me pelos preconceitos que tenho aos que não sabem votar
E mais: perdoa-me pelos votos que fiz e esqueci de acompanhar
Perdoa-me por não lembrar mais em quem votei
Perdoa-me por outros preconceitos: contra pobres, gays, jogadores, palhaços, nordestinos, nortistas e quem mais for diferente
Ah, perdoa-me pela Santa Ignorância de desmerecer as outras religiões dessa gente
A Senhora sabe: só existe uma única e santa religião
Perdoa-me por não ter estudado Geografia e não reconhecer as diferenças
Pois é, até hoje não compreendi que lá no Nordeste não existem apenas baianos e paraíbas
Que aquelas pessoas do lado de lá são também piauienses, maranhenses, sergipanos, alagoanos, norte-rio-grandenses, cearenses, pernambucanos e também são humanos
Perdoa-me pelos meus ímpetos de ir a redes sociais difamar e desqualificar esse povo
Perdoa-me por não saber o que os governantes fazem, pois para mim tanto faz liberar impostos para compra de carros ou buscar cidadanias com um Bolsa-Família
Perdoa-me por não saber dividir, pois quero um carro para cada ente da minha família.
Quero ir ao exterior todo ano, mas não me importo com quem está em abandono.
Perdoa-me por não ter olhos para ver!
A imprensa me dá um par de óculos para eu perceber!
Perdoa-me por pedir perdão, pois não preciso disto não!
São eles que olham diferente, fazem diferente que precisam de perdão.
Perdoa-me por não querer mulheres no governo
Pois o que não é heterossexual e macho na política eu chamo de feio
Perdoa-me por ter xingado os outros de fascistas, nazistas, socialistas e comunistas com tanta deselegância
Pois eu não tive aulas de cidadania nos tempos de criança.
Perdoa-me, minha Nossa Senhora da Pólis!
Irei orar cem vezes para compreender melhor meus preconceitos
Perdoa-me, minha Nossa Senhora, enquanto rogo estas preces em meu proveito

Autoria:
“Quem é você?”
“Quem você pensa que é?”
“Com quem você pensa que está falando?

Sou baiano, preto pobre sem dinheiro
Mas você pode me chamar Jeca, João ou José
Sou Cleonilton Souza: um brasileiro

Insônia

As cidades não param
As noites atravessam o tempo
As mentes se agitam no silêncio
As luzes piscam sem parar

Só estas Insônias individuais e coletivas
Ah este eterno não viver o tempo presente
Virar-se na cama
Olhar pela janela
Pensar nas urgências do dia seguinte
Cobrar-se pelo passado mal-feito
Inconformar-se pelos amores desfeitos
A incompreensão dos próprios defeitos

Há sempre uma lâmpada acesa no prédio
O taxista passa apressado, assustado e desconfiado
Quantas vezes se arrepende de ainda está na rua
A prostituta numa permanente espera
Ela está nua!
Exposta ao mundo cada vez mais sortuno
O sem-teto sempre alerta
O drogado numa insônia insana!
E eu procurando motivos para não dormirl


A madrugada eterniza-se
A manhã demora a vir

Bom noite, insônia

Privacidade na Internet

Vamos discutir um pouco a privacidade na Internet?

Vejamos algumas situações pelas quais passei:

Encontrei um amigo no teatro, e antes do início da sessão, ficamos conversando sobre os velhos tempos.
Apareceu um amigo do meu amigo, e o papo ficou ainda mais interessante.
De repente meu amigo falou ao outro: – Rapaz, menina interessante aquela na foto que você postou no Orkut. É a sua nova namorada?
E o rapaz prontamente respondeu: – Que nada! Coloquei o nome “Negra Linda” na Busca, e apareceram vários endereços. Achei aquela menina tão deslumbrante que resolvi montar uma foto com as nossas imagens. Ficou ótimo!
Dia desses entrei num site de jornal e fui ler um noticiário. Quando cheguei ao fim do texto, notei que o quadro de comentário estava com minha foto e dados da minha conta no Facebook.
Toda vez que faço compras em lojas virtuais e volto ao site da empresa, recebo como mensagem uma entusiasmada frase: “Souza, seja Bem-Vindo!”
Entrei no site da empresa de meu cartão de crédito e minutos depois recebi uma mensagem de um e-mail de um desconhecido, pedindo para que eu trocasse a senha do cartão.
Comprei uns livros numa livraria digital. No momento do meu primeiro cadastro, percebi que a empresa tinha se apossado de dados da minha máquina (sistema operacional, navegador, meu IP (identificador da minha máquina na internet).
Certa vez, numa segunda-feira, notei que o papo entre os colegas era sobre uma colega de trabalho que havia postado umas fotos de biquíni numa rede social. Eles conversavam a respeito das qualidades físicas da menina e da inadequação, segundo eles, de se postar as referidas fotos na Internet.
Todos os casos acima, e há uma infinidade de relatos por aí, retratam um fator corriqueiro de nossa época: a exposição a que estamos sujeitos em quase todos os atos que realizamos na grande rede.
Restam algumas reflexões:
estamos sabendo que informações a nosso respeito estão sendo usadas por outras pessoas?
sabemos como controlar a exposição das nossas informações na Internet?
afeta-nos saber que outras pessoas estão utilizando as nossas informações sem termos autorizado?
Já é tempo de discutirmos tais questões, pois, neste momento, muitas coisas sobre nós estão depositadas em algum site, e não temos como controlar a divulgação.

A Política em Watchmen

Eles ajudaram a invadir o Vietnan. Mataram pessoas em nome do patriotismo, da justiça, da liberdade e da lei. Em nome da paz, eles participaram de guerras entre países e embates contra bandidos. Eles se associaram a grandes corporações e manipularam as cabeças das pessoas. Durante as lutas eles estupraram e mataram a ex-amante e o próprio filho. Eles tentaram estuprar uma participante do próprio grupo. Eles são os super-herois. A vida deles perdeu o sentido. As mulheres deles têm afetos entre si, num voluptuoso amor carnal e transcendental. Amor, sexo, traição, tudo se mistura num mosaico de fenômenos sociais.
Pois é! Estes são os ingredientes da película Watchmen, o Filme. Uma vigorosa reapropriação dos quadrinhos para as telas do cinema. Que diga Cazuza: “Meu herois morreram de overdose”, pois os anti-herois estão de volta, questionando as diversas formas de relacionamentos humanos; buscando novas formas de existência, à procura de sentido para a vida. Eles são os herois fragilizados da vida real.
Watchmen é o um filme para ser assistido, engolido sem ser mastigado; para se mergulhar, com angústia e desconfiança.
Mídia: DVD, 162 minutos de duração, áudios e legendas em inglês e português, extra: documentário Tecnologias de um mundo fantástico, 2009, Paramount.

13 de Maio

Saio
Me calo
Na rua ensaio
13 de maio
Não vai agradecer?

A Revolução

A Revolução dos Bichos – George Orwell
Por meio de uma fábula, Orwell – de maneira sensível e inteligente – conduz o leitor a uma análise do processo de uma revolução, no qual um grupamento de animais, que vive numa pequena propriedade rural, rebela-se contra os humanos e cria uma nova forma de viver. No início da convivência, os pressupostos de vida em grupo são delineados para uma pretensa igualdade de direitos entre os animais, porém o dia-a-dia vai mudando a rota dos relacionamentos entre os bichos.
Esta obra foi reconhecida mundialmente por fazer referência à revolução soviética. Para criar mais gosto por esta leitura, apresentaremos um detalhe da estória muito peculiar. Foi criado um conjunto de mandamentos, do qual todos deveriam obedecer; estranhamente durante o desenrolar da estória, alguns mandamentos vão-se modificando: o quarto mandamento dizia: “Nenhum animal dormirá em cama”; passou a ter a seguinte redação: “Nenhum animal dormirá em cama com lençóis“; já o quinto mandamento dizia: “Nenhum animal beberá álcool”, que passou a ser conhecido como: “Nenhum animal beberá álcool em excesso“.
Se quiser assista ao filme, que também é ótimo.
Boa Leitura!