Anseios: entre o pessoal e o político

Anseios – raça, gênero e políticas culturais
Anseios – raça, gênero e políticas culturais

A gente não sabe se está lendo um ensaio ou uma crônica quando se depara com a escritura de Anseios – raça, gênero e políticas culturais, livro de Bell Hooks, que aborda as coisas do cotidiano a partir das pulsações emocionais da vivência de uma mulher negra estadunidense. Daí o nome do livro.

Bell Hooks é uma intelectual conhecida por travar discussões em torno do feminismo negro. Questões como raça, masculinidade negra, mulher, feminino e feminismo se confabulam na expressão dessa autora singular.

Mas não fique o leitor na expectativa de ler uma obra que só trate do feminismo em Anseios. Hooks dialoga com questões outras e universaliza-se, tratando de questões relevantes sobre identidade cultural, sexo, crítica cultural, arte contra-hegemônica, poesia, branquitude, vida em sociedade, vida em família e outras coisas mais.

O estilo de Bell Hooks navega em uma produção poética, típica de uma contadora de história, passeando pelas dimensões simbióticas entre o psíquico e o social e o racional e o imaginário, desta forma a autora consegue criar vínculos entre a produção acadêmica e as manifestações do senso comum.

No acervo de textos existente na obra, o leitor encontrará Bell Hooks entrevistando a si própria, em uma tentativa de diálogo com as profundezas do inconsciente. Há também textos de crítica cultural, com análises consistentes dos filmes Asas do desejo e Faça a coisa certa. É, eu ainda não havia assistido aos filmes naquela perspectiva de crítica cultural!

A proposta do livro, segundo a autora, é estabelecer um diálogo com o leitor de modo à construção de ambiente propício ao estabelecimento de consciência crítica. Olha Paulo Freire aí. Hooks já se debruçou sobre o legado filosófico de Freire na obra Ensinando a transgredir – a educação como prática da liberdade.

Anseios é uma tentativa de escrita que deseja ir além do depoimento intelectual e se aproxima da fonte interior onde estão escondidas as paixões. Nos textos Bell Hooks não se intimida em aproximar o psicofísico do político, produzindo crítica cultural a partir da própria história de vida.

Que tal conhecer um pouco de Anseios? Acompanhe os três quadros abaixo.

“Focar a crítica em produções culturais abriu espaço para a educação voltada à consciência crítica, que poderia servir como uma pedagogia da libertação tanto na academia quanto na sociedade em geral.”

Bell Hooks, em Anseios, p. 21






“Eu me vejo como escritora e pensadora – todo o resto decorre daí. Quero escrever mais – muitas coisas diferentes de muitas maneiras diferentes.”

Bell Hooks, em Anseios, p. 413






“Gostaria que existissem tantas mulheres negras escrevendo tantos livros que todos os dias da minha vida eu poderia ler pelo menos um novo texto escrito por uma de nós.”

Bell Hooks, em Anseios, p. 415





O que é? Anseios – raça, gênero e políticas culturais
Quem é a autora? Bell Hooks
Quem traduziu? Jamile Pinheiro Dias
Quem editou? Editora Elefante
De quando é? 2019


Até a próxima!

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Publicado por Cleonilton Souza

Educador nas áreas de didática e linguagens.