Polêmicas Contemporâneas em plena pandemia

Imagem Polêmicas Contemporâneas
Polêmicas Contemporâneas 2021.1

A Universidade Federal da Bahia deu respostas consistentes ao advento da pandemia do coronavírus e desde 2020 vem oferecendo à sociedade brasileira atividades de compartilhamento de assuntos relacionados à educação, às tecnologias, às ciências e à cultura em geral, promovendo um trabalho de integração entre as instituições de ensino superior e a sociedade brasileira.

Em 2020, a Universidade organizou o Congresso Virtual UFBA 2020, que congregou milhares de estudantes e pesquisadores de todo o Brasil em processo de comunicação científica aberta para o público em geral, com  acesso pela internet. O evento se repetiu no ano de 2021.

Outro evento relevante é o trabalho feito em Polêmicas Contemporâneas, que se realiza em duas áreas de atuação: a primeira por meio da oferta de uma disciplina exclusiva para os estudantes da Instituição e a segunda por meio de uma atividade de extensão, que leva para as pessoas da comunidade o fazer científico produzido na Universidade.

O Polêmicas tem a participação intensiva dos estudantes, professores e pesquisadores do Grupo de Pesquisa em Educação, Comunicação e Tecnologias (GEC),  da Universidade, e tem como líder o professor Nelson de Luca Pretto.

A organização do evento no período de pandemia é feita por meio da realização de rodas de conversas on-line, com a participação de representantes da comunidade acadêmica, dos governos, de profissionais de diversas áreas do saber e de pessoas da comunidade em geral.

Os temas de 2021 são bem variados e vão de questões como  a da mulher na pandemia e racismo estrutural a temas como proteção de dados e vacinas

Polêmicas é um convite ao bom pensar e se constitui como uma forma criativa de integrar sociedade e comunidade acadêmica.

Acompanhe o cronograma de atividades deste semestre:


Temas já debatidos

22 fev 2021 – Congresso UFBA (início do semestre)
01 mar 2021 – Primeira aula: abertura do seminário e funcionamento de polêmicas
08 mar 2021 – Mulheres na pandemia
15 mar 2021 – Lava Jato e suspeições: o sistema de justiça em questão
22 mar 2021 – Vacinas, ciência aberta e propriedade intelectual
29 mar 2021 – Cultura como enfrentamento da barbárie
05 abr 2021 – Racismo Estrutural
12 abr 2021 – Os vazamentos de dados dos brasileiros
19 abr 2021 – Capacitismo, Etarismo e outros ismos

Temas a serem debatidos

26 abr 2021 – Lei de segurança Nacional e liberdades democráticas
03 mai 2021 – Fechamento da Ford na Bahia: Crise e desindustrialização do Brasil
10 mai 2021 – Baianas de Acarajé: Patrimônio, Resiliência e Economia Circular
17 mai 2021 – Fome e (In)segurança Alimentar
24 mai 2021 – Legado das experiências da educação na pandemia
31 mai 2021 – Parques públicos: gestão e interesse social
07 jun 2021 – Sarau de Polêmicas: homenagem aos que partiram

Ainda há tempo de assistir a algum dos temas discutidos no Polêmicas Contemporâneas.
Vá ao site do Polêmicas e saiba mais sobre o Evento ou
Leia o artigo do professor Nelson Pretto sobre o Polêmicas Contemporâneas
Até a próxima!

Pensando com Frederich Kittler

Pensar faz bem - Kittler
Pensar faz bem – Kittler


A vida sob os vieses dos algoritmos

A vida sob os vieses dos algoritmos
A vida sob os vieses dos algoritmos

Nos últimos dois anos, temas relacionados a algoritmos e big data se tornaram pauta de calorosas discussões para o público em geral. Documentários como Privacidade Hackeada (2019) e O dilema das redes (2020) conseguiram alcançar grandes audiências e trouxeram para o debate questões de interesse de cidadania relacionadas à privacidade, às desigualdades e aos direitos digitais.

No final de 2020 foi lançado o Coded bias, um documentário que, a partir do trabalho realizado pela pesquisadora Joy Buolamwini sobre problemas em algoritmos de reconhecimento facial, discute os problemas que a sociedade tem enfrentado com o advento dos algoritmos e do big data.

O documentário segue a linha argumentativa de mesclar momentos de narrativa ficcional, com depoimentos de pesquisadoras que se dedicam aos estudos sobre como novas mediações sociotécnicas, como algoritmos, big data e internet das coisas, influenciam a vida cotidiana do cidadão comum.

Utilizei o termo pesquisadoras, pois o grupo de depoentes é formado majoritariamente por mulheres. Um diferencial no documentário, que subverte a lógica de fala patriarcal do ocidente ao trazer para conversa outras vozes no campo das ciências.

Assim o documentário é tecido com as vozes de Joy Buolamwini, pesquisadora do MIT, ela se autodenomina poeta do código e estuda as implicações da inteligência artificial na sociedade; Cathy O’Neil, cientista de dados e matemática, conhecida por estudar os vieses dos algoritmos; Meredith Broussard, jornalista de dados; Silkie Carlo, diretora do Big Brother Watch, instituição que monitora os usos das tecnologias de reconhecimento facial pela polícia britânica; Virginia Eubanks, professora de estudos das mulheres; Ravi Naik, advogado, que defende causas relacionadas aos direitos digitais; Safiya Umoja Noble, professora e pesquisadora de estudos sobre algoritmos e discriminação; Zeynep Tufekci, professora que se dedica aos estudos sobre big data e algoritmos. A direção é de Shaline Kantayya (estadunidense), uma ativista dos direitos humanos, filha de imigrantes indianos, que vem despontando como diretora nos últimos cinco anos com produções como A Drop of Life, Catching the Sun e Breakthrough. Um grupo respeitável.

Coded bias continua esse processo de divulgação de especificidades dos novos artefatos técnicos que tanto interferem no nosso dia a dia e precisa ser assistido, discutido e compartilhado.

Até a próxima!


Sobre a obra

O que é? Coded bias {documentário}
Quem dirigiu? Shalini Kantayya
De que ano foi? 2020
Quem participou? Joy Buolamwini, Cathy O’Neil, Meredith Broussard, Silkie Carlo, Virginia Eubanks, Ravi Naik, Safiya Umoja Noble, Zeynep Tufekci.
Onde assistir? Netflix
Onde encontro mais informações? Coded bias.

Pensando com Jaron Lanier

Pensar faz bem - Jaron Lanier
Pensar faz bem – Jaron Lanier


Aprendendo a pesquisar – há segredos e truques?

Sobre os segredos das pesquisas
Sobre os segredos das pesquisas

O estudante entra em uma instituição de ensino superior e, acostumado durante o ensino médio a memorizar dicas para passar no vestibular, depara-se com a exigência de ter de aprender a pesquisar. E quanto mais esse estudante avança nos estudos e envereda na pós-graduação, mais ele tem de produzir conhecimento seguindo referenciais científicos.

Isto é uma dor de cabeça para as pessoas que se acostumaram com atividades de ensino e aprendizagem que valorizam a memorização e a obtenção de notas “ótimas” para conseguir um diploma.

Mas a pandemia tem nos ensinado muita coisa, e uma delas é a da necessidade de o Brasil formar mais pesquisadores, desenvolver seres pensantes, menos copistas e mais criadores. E este é um desafio para agora.

No mercado dos livros, a gente encontra muitas obras que abordam a questão da metodologia científica, mas muitas delas se dedicam a trazer regras de como o iniciante em pesquisa deve proceder ou trazem um conjunto de concepções metodológicas como se fosse uma enciclopédia das ciências, tornando os livros mais parecidos com manuais técnicos.

É preciso que o estudante acesse textos que discutam as diversas formas de construção científica, levando em conta como a gente organiza o pensamento e constrói argumentos científicos. Livros assim seriam contributos importantes para um desenvolvimento crítico dos aprendizes de ciência.

No âmbito das ciências sociais, Howard Becker nos oferece uma obra de leitura acessível, mas que não é muito fácil de ser compreendida, sobre a prática e a teoria da pesquisa. Em Segredos e truques da pesquisa, Howard discute em clima leve questões que ajudam no desenvolvimento do raciocínio científico de forma clara e objetiva.

E o leitor não se engane com o título do livro que contém termos como “Segredos e Truques”, o que na verdade acontece na obra é uma discussão bem fundamentada, com bastante exemplos, sobre o fazer científico com rigor nas áreas de ciências sociais.

No livro Howard trata de questões como Representações, Amostragens, Categorias e Conceitos, tão necessários ao trabalho de construção científica, além de discutir a questão da lógica na organização do pensamento para que se possa produzir conhecimento científico organizado.

O livro é bem dialógico. Howard conversa com o leitor, apresenta problemas e discute as questões que atravessam a vida do estudante que deseja conhecer como atuar na ciência. Tudo isto como se tivesse contando histórias, uma viagem prazerosa nos modos de fazer ciência.

A experiência de Becker como cientista social facilita a abordagem dos diversos casos analisados. O autor tem muita facilidade em apresentar casos experimentados por ele, bem como situações vivenciadas por outros cientistas das áreas de ciências sociais.

Fazer ciência em países como o Brasil não é fácil. Fazer ciência nas áreas sociais, muito menos fácil ainda, pois são as áreas que menos recebem incentivos financeiros do Estado brasileiro.

O livro Segredos e truques de pesquisa se insere como um tipo de leitura mais do que recomendável para os que desejam aprender mais sobre como fazer ciência nas áreas sociais. É para ler, pensar e, caso deseje, agir.

Até a próxima!


Sobre a obra

O que é? Segredos e truques da pesquisa (livro)
Quem escreveu? Howard S. Becker
Quem editou? Zahar
Qual o título original? Tricks of the trade (How to Think about Your Research While You’re Doing It)
É de qual ano? 2007

Pensando com Vilém Flusser

Pensar faz bem - Flusser em Comunicologia
Pensar faz bem – Flusser em Comunicologia