As emoções em tempestades

Emoções
Emoções

Explosões internas em atos que se externalizam no outro, um pêndulo que se movimenta entre a pulsão da vida e a pulsão da morte, um momento em que perdemos o controle para o bem ou para o mal. 

Quem sou eu? 

Quando será que me conhecerei o suficiente?

Quem é você? O quão surpreendente pode ser o outro!

Será eu mesmo aqui, agora?

Estas são perguntas basilares que muita gente faz ao se deparar com um arroubo emocional, quando se percebe em um redemoinho de emoções, sendo levado por caminhos desconhecidos ou quando o barco em alto-mar nos sinaliza o caminho para o naufrágio ou o êxtase.

Escrever sobre emoções não é fácil, parece ser algo infinito no ser humano, quanto mais a pessoa vive mais passa por momentos emocionais e mais o desconhecido se apresenta.

E narrar algumas peripécias das emoções foi o desafio para nove diretores indianos, que se puseram a contar histórias deliciosas de se assistir, com o jeito que só a cultura milenar dos indianos poderia nos proporcionar. 

É o que acontece com a série Nove histórias – nove emoções, que contam histórias a partir de elementos cotidianos da cultura clássica e moderna cultura daquele país distante de nós geograficamente, mas tão próximo no que diz respeito ao processo de contar histórias, 

Nas narrativas da série há um desfile de compaixão, alegria, encanto, repugnância, paz, ódio e medo que invadem os corações do espectador e convidam todos para um mergulho no desconhecido.

Confesso, participei de cada emoção trazida nas histórias e me projetei nas vivências experimentadas pelos personagens. Houve momentos em que tive vontade de chorar, houve momentos em que não parava de rir, houve momentos em que me vi, comigo e com os outros, em uma situação emocional.

Além das belas histórias narradas na série, o espectador tem a oportunidade de conhecer um pouco da riqueza musical daquele país, bem como se deslumbrar com as peças coloridas ilustrativas das vestimentas indianas e ainda descobrir singularidades na comida produzida por aquela cultura.

Nos últimos tempos, tenho aproveitado os momentos na televisão paga para conhecer culturas fora do eixo europeu e norte-americano, o que tem me proporcionado aprender sobre dinâmicas de civilizações como Índia, Israel, Palestina, China, Japão, Austrália, o que tem me trazido uma fonte imensa de aprendizagem. Fica a dica para quem deseja conhecer outros modos de produzir narrativas audiovisuais.

Até a próxima! 


Narrativas emocionais:
  • Inimigos: compaixão (31 min)
  • Verão de 92: alegria (34 min)
  • Projeto Agni: encanto (30 min)
  • Payasam: repugnância (34 min)
  • Resgate: paz (28 min)
  • Agressão: ódio
  • Estranhos: medo (32 min)
  • Viagem: coragem (34 min)
  • Música: amor (48 min)
Diretores:
  • #Bejoy Nambiar – #Priyadarshan – #Karthik Narain
    #Varsanth Sai – #Karthik Subbaraj – #Arvind Swamy
    #Rathingran R. Prasad – #Sarjun – #Gautham Vasudev Menon
Produtora:
  • Tamil Filmes
Origem:
  • Índia



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Pensando com Vilém Flusser 3

Pensando com Vilém Flusser 3
Pensando com Vilém Flusser 3


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Cem anos de Raymond Williams

Cem anos de Raymond Williams
Cem anos de Raymond Williams

No próximo dia 31 de agosto de 2021, Raymond Williams (1921-1988) completaria 100 anos de vida. Williams foi um pensador de origem Galesa que se debruçou sobre a questão da cultura a partir de uma perspectiva marxiana. Na verdade Raymond Williams trouxe novos ares à pensamento marxiano de olhar a realidade e inseriu componentes próprios quanto ao entendimento do cotidiano.

Raymond Williams tem uma escrita densa, que não é fácil para o leitor se aproximar no primeiro momento, mas quanto mais a pessoa vai imergindo na obra do pensador, mais vai se envolvendo com o estilo de criação de Williams que produz uma escrita interseccionada entre a história de vida e contexto histórico em que viveu e isto exige uma leitura um tanto vagarosa, de reflexão continuada, aquela leitura do respirar concentrado, para entendimento do processo de tomada de consciência do autor e da luta que surgiu a partir daí por meio da escrita.

No processo de escrita, Raymond Williams revela um compromisso político imbricado com uma competência técnica em estudar as questões sociais. Ele atravessa a realidade pelos olhares da  comunicação, sociologia, política, técnica e das  artes, enfim: um pensador crítico da cultura.

As contribuições de Raymond Williams para o pensamento do século XX foi imensa. Ele foi um dos arquitetos ao que seria chamado anos depois de Estudos Culturais e elaborou um construto teórico o qual ele denominou de Materialismo Cultural, uma abordagem epistemológica de estudar as coisas do cotidiano em relação aos aspectos histórico-sociais.

Desta forma, Williams dissertou sobre ficção científica com a mesma facilidade que analisou o processo de greve de trabalhadores; analisou a literatura com a mesma desenvoltura que estudou as interlocuções entre o campo e a cidade. 

No âmbito da comunicação, ele também escreveu sobre a TV e interagiu cotidianamente com esse meio técnico para descortinar as formas como o cidadão recepcionava os meios de comunicação de massa.

Williams tinha preocupações com uma possível visão determinista a que estamos sujeitos, ao endeusar ou demonizar os meios técnicos, e buscou garantir análises que não se levassem por arroubos emocionais, que poderiam afastar o pesquisador do objeto técnico em análise.

O pensador Galês foi um dos pioneiros em analisar os meios de comunicação como meios de expressão e de recepção, ou seja, há embates na construção comunicativa entre quem produz e quem consome informação.

Por último, Raymond Williams trabalhou com educação de adultos, pois se preocupava com a formação do cidadão comum, dos trabalhadores e dos homens do campo. Williams está na categoria de um estudioso multi, pluri e transdisciplinar.

Para quem se interessar em conhecer mais o pensamento de Raymond Williams, listamos o conjunto bibliográfico abaixo para atiçar a curiosidade do leitor.

Até a próxima!

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Alguns textos de Raymond Williams:
  • Cultura e materialismo. São Paulo, SP: Unesp, 2011
  • Palavras-chave – um vocabulário de cultura e sociedade. São Paulo, SP: Boitempo, 2007
  • Televisão – tecnologia e forma cultural. São Paulo, SP: Boitempo, 2016
  • The analysis of culture. In: The long revolution. Inglaterra: Parthian, 2013
  • Recursos da Esperança. São Paulo, SP: Unesp, 2014
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As horas

Podcast EPraxe
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Singularidades das escritoras brasileiras

Elas no singular
Elas no singular

Às vezes a gente fica cansado de buscar algo interessante nas plataformas de vídeos alugados na internet. Elas acionam algoritmos que nos acompanham o tempo todo, sugerindo o que devemos assistir e ainda criam filtros e filtros de recomendação, impedindo o acesso a todos os filmes, séries e documentários disponíveis.

Algumas vezes os algoritmos acertam e nos oferecem um vídeo interessante de assistir. Foi o caso da série Elas no singular, que traz oito minidocumentários sobre escritoras da literatura brasileira.

Elas no singular traz uma pluralidade de vozes femininas falando do próprio processo de escrita e do longo caminho que percorreram na mundo da escrita dentro da cultura brasileira

A primeira narrativa foi sobre Conceição Evaristo, escritora negra que abre o século XXI da literatura brasileira como voz insurgente e insubmissa, que se inscreve em um processo de criação literária de “escrevivência”, uma escritura social atravessada de arte e de resgate da relação vital com a ancestralidade. 

Hilda Hilst traz para o público a literatura liberta de preconceitos e não tem medo de expressar a obscenidade própria do ser humano. A escritora professa uma preocupação em escrever em transcendência com o outro e não se furta de olhar para a morte como preocupação existencial. 

Raquel de Queiroz remonta a uma trajetória de vivência com a seca e com as coisas da nordestinidade. Ela é múltipla: feminina, futebolista, bailarina, jornalista, tradutora e política. Tudo em uma mulher poética e vibrante.

Deixarei que ela mesma se expresse aqui para o leitor entender a multiplicidade e a grandeza dessa escritora: “Saí na frente, num trote largo. Só mais adiante, segurei as rédeas, diminuí o passo do cavalo, para os homens poderem me acompanhar”. Memorial de Maria Moura.

Adélia Prado se reveste de luz e se espelha pelo sol. A escrita de Adélia trilha os caminhos dos cotidianos, da vida dos comuns. Ela também traz a pulsação da morte como preocupação de existência. Adélia é energia e vitalidade expressa nas escritas sobre a morte, Deus e o sexo.

Cora Coralina revela os óbices encontrados por uma mulher do interior que buscou ser mulher pensante e criadora. Ela própria diz-se “entre pedra e flores”, como neste fragmento que registramos aqui para o leitor: “Meus caminhos não foram de flores não. Meus caminhos foram de pedras. Não é à toa que nasci numa cidade de pedras.” Sem mais o que dizer.

Nélida Piñon tem uma fala rápida e dilacerante, abriu caminhos, criou fábulas de memórias e atravessou os muros da Academia Brasileira de Letras sem medo das pedras que estavam no caminho.

Lygia Fagundes Telles é uma pensadora simbólico-narrativa, que fala do mundo tentando dizer algo de si e produziu um construto literário de estabelecimento de pontes entre a ficção e a realidade. Lygia é uma arqueóloga das palavras, olhando para o outro, olhando para o mundo.

A série termina com Clarice Lispector e traz leituras dos textos sensíveis e as divagações da autora tentando mostrar o quanto ela mesma vivia no lugar comum. Mas o lugar comum nos deixou muitos textos fora do comum.

E foi assim que a série terminou: nos aproximando mais da literatura e do feminino. Os organizadores estão nos devendo uma continuação com as escritoras que despontam neste início de milênio e que trazem preocupações próprias dos tempos em que vivemos, como libertação coletiva das mulheres, questões de diversidade de gênero, etnias e muito mais do que pode a mulher que produz literatura no Brasil.

Até a próxima!

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O que é? Elas no singular {minissérie}
Quando foi? 2018
Quem dirigiu? Fabrizia Pinto

Quais foram os episódios?
  • Hilda Hilst: obscena (33 min)
  • Conceição Evaristo: insubmissa – escrevivência (32 min)
  • Raquel de Queiroz: sob o signo da seca (31 min)
  • Adélia Prado: todo dia, o sol (30 min)
  • Cora Coralina: entre pedra e flores (33 min)
  • Nélida Piñon: fabuladora das memórias (29 min)
  • Lygia Fagundes Teles: tentando se dizer (28 min)
  • Clarice Lispector: vivo por um fio (33 min)
Onde assisto? Plataforma HBOMAX
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Pensando com Rubem Braga

Pensando com Rubem Braga
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