Dois Estranhos

Dois Estranhos
Dois Estranhos

Dois Estranhos é um curta metragem antenado com os acontecimentos dos nossos tempos de convivência cotidiana em forma de apartheid ao qual somos obrigados a experimentar a todo momento de nossa existência neste terceiro milênio.
O filme consegue articular a questão social do preconceito e do racismo, junto com todas as consequências que essa situação possa trazer.
Em uma produção artística refinada, a narrativa utiliza o recurso da repetição para suscitar no
no espectador as diversas formas de relacionamentos entre os negros e os brancos neste planeta chamado Terra. E se olharmos lá de cima, a terra talvez não se pareça com o desejo de paraíso aventado nos textos sagrados, quando o assunto for relações interétnicas.
Na história um homem negro que trabalha e tem uma vida organizada para os padrões civilizatórios de nossa Era se ver ultrajado dos próprios direitos de ser humano o tempo todo, todo dia, a cada segundo e em todo lugar.
A perseguição social (poderia ser: em vez de social, policial, mas o policial da história é o pano de fundo para demostrar como a herança dos capitães do mato ainda se encontra impregnada nos aparatos de segurança dos Estados) ocorre em diversos níveis, o que acarreta para os personagens dilemas sociais, psíquicos, corporais e culturais ímpares.
Dois Estranhos conta a história de culturas que se encontram, se conhecem, mas que vivem em eterno estranhamento, sob medo, insegurança e preconceitos. Nas lentes do filme o espectador pode pensar, especular, inferir e sentir as diversas intempéries pelas quais um cidadão negro tem de passar quando se defronta com o poder estabelecido, o poder que se exerce pelo olhar desconfiado, pelas deduções impensadas e pelos crimes sociais tão comuns publicados nos noticiários, mesmo com os reclames que são feitos contra este mundo tão desigual.
De onde saíram tantas divagações em um filme que relata as várias histórias em um dia na vida de um homem negro que precisa sair todo dia para trabalhar? Isto só vendo o filme. E é nessa reflexão em torno do mito da repetição, que me lembra Sísifo, que meia hora de cinema em casa me fez pensar tanto.
Para o espectador não achar que o filme é só ficção, olhe a lista de encontros estranhos a gente pode se deparar por aí:


Encontros estranhos relatados em Dois Estranhos:

  • Eric Gardner só tinha separado uma briga
  • Michele Cusseaux estava trocando a fechadura da porta
  • Tanisha Anderson estava tendo uma crise psiquiátrica
  • Tamir Rice estava brincando no parque
  • Natasha Mckenna estava tendo um ataque de esquizofrenia

Você saberá dos demais encontros quando assistir ao filme

Até a próxima!


Sobre a obra

Que é isto? Dois estranhos {curta metragem}
De quando é? 2021
Quanto tempo? 32 min
Quem atuou? Joey Bada$$, Andrew Howard e Zaria
Quem dirigiu? Tracon Free e Martin Desmond Roe
Onde encontro? Netflix

Faxina Eletrônica

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Uma entrevista com Chimamanga

Uma entrevista com Chimamanga
Uma entrevista com Chimamanga

Conheci Chimamanda Ngozi Adichie entre 2014 e 2015, quando participava da organização de um curso para formação de educadores corporativos. Uma colega nos apresentou o vídeo no Ted Talks Os perigos de uma história única e começamos a pensar como trazer aquela discussão para dentro do ambiente empresarial. Os momentos de discussão do vídeo eram maravilhosos e cada vez que eu assistia ao vídeo mais eu aprendia sobre diversidade com Chimamanda.
Para minha grata surpresa fiquei sabendo da entrevista que Chimamanda concederia ao programa Roda Viva. Fiquei curioso para ouvir mais reflexões da escritora.
Chimamanda é uma narradora ímpar. Ela recupera a tradição da contação de história da cultura africana, mostrando a força que a oralidade tem para mobilizar o imaginário das pessoas. Ela também escreve ensaios sobre feminismo e faz literatura compartilhando as nuances da cultura de origem africana para o mundo.
Nascida na Nigéria, mudou-se para os Estados Unidos, onde atualmente trabalha com atividades de escrita e apresentações que discutem questões sociais do nosso tempo.
A entrevista no Roda Vida foi construída em uma roda de conversa on-line. A entrevista se desenrolou em um bate-papo leve, tranquilo e alegre, em um grupo de mulheres preocupadas em recuperar questões sociais tão vitais para a luta das mulheres por um mundo mais igualitário quanto à política de gênero e, ao mesmo tempo, confabulando sobre a formação do ser mulher que não pode se submeter a puro ativismo, mas viver-se mulher plenamente. A conversa se expandiram para assuntos como o da moda, o posicionamento dos homens negros quanto às discriminações contra o feminino, questão da maternidade: um cesto de diversidade.
Chinamanda não fugiu das perguntas mais delicadas, mas, ao mesmo tempo, fez questão de mostrar-se como ser humano, sujeito a erros e equívocos, mas como pessoa imbuída de lutar contra as desigualdades.
Houve momentos que lembrei de Milton Santos, quando o intelectual não se deixava se submeter a determinados pontos de bolhas, próprios dos grupos, e reafirmava a própria identidade intelectual. Chimamanda tem pensamento próprio e não se deixa levar pelos arroubos das filiações grupais, que às vezes nos impedem de ser nós próprios como pensadores.
As entrevistadoras estavam encantadas pelo fluxo ao qual a entrevista estava envolta, mas isto não retirou da conversa o caráter criativo e de aprendizagem próprio de um bate-papo formado por mulheres intelectuais como fora o contexto da entrevista.
Vamos parar por aqui. O internauta que vá a entrevista e volte para discutir outras questões ocorridas no bate-papo por aqui.
Até a próxima!

Algumas ideias de Chimamanga

“Primeiro Momento – Eu decidi para de me esconder, porque, na verdade, quando comecei a escrever, eu fingia não me interessar por moda ou maquiagem, porque queria ser vista como uma pessoa muito séria, e isso é verdade nos EUA: muitas vezes uma mulher, para ser levada a sério, não pode ser muito como lguém que se importa com a própria aparência. Mas eu venho de uma cultura, aqui na Nigéria, onde você precisa cuidar da aparência, e tendo sido criada por minha mãe, Grace Archie, era melhor eu cuidar mesmo.
Na verdade, penso nisso como ser quem sou. Quero que me permitam ser todas as coisas que sou, e ao ser todas essas coisas, não quero que uma delas seja usada de alguma forma como motivo para questionar minha inteligência ou minha capacidade, entende?
Eu me interesso genuinamente por moda, gosto genuinamente de maquiagem, gosto genuinamente de História, gosto genuinamente de arte, amo profundamente a literatura, me interesso muito e sou apaixonada por feminismo e política. Todas essas coisas me compõem, e não quero negar nenhuma parte de mim.”

Segundo Momento – “Porque é de se imagina, se você sofre um tipo de preconceito, isso deixa você mais compreensivo com outros tipos de preconceito. Só que descobri que não é nada disso.”


.coresvivas {color: Blue;} Dados do Evento
O que foi?
. Entrevista Roda Viva com Chimamanda Ngozi Adichie
Quem estava lá?
. Chimamanda (entrevistada)
. Vera Magalhães (coordenadora da entrevista)
Entrevistadoras
. Carla Kotirene
. Djamila Ribeiro
. Marcela Franco
. Carol Pires
. Adriana Ferreira Silva
Quando foi?
. 14 de junho de 2021
Onde posso assistir?

Pensar faz bem com Richard Wurman

Pensar faz bem com Richard Wurman
Pensar faz bem com Richard Wurman


Encerramento reflexivo em Polêmicas Contemporâneas

Qual a nossa resposta a essa tristeza toda?
Qual a nossa resposta a essa tristeza toda?

Resistência, fé, esperança e amor foram algumas das ideias trazidas pelos estudantes da disciplina e da extensão Polêmicas Contemporâneas no encerramento do semestre 2021.1 no dia 7 de junho de 2021.

O Polêmicas é uma realização da Faculdade de Educação da  Universidade Federal da Bahia (UFBA) e no semestre 2021.1 contou com a parceria da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

Polêmicas Contemporâneas é um componente curricular oferecido pelo Departamento 2 da Faculdade de Educação para todos os cursos da UFBA desde o início da década de 2000.

Para o primeiro semestre de 2021.1, Polêmicas foi oferecido em forma de disciplina pela UFBA e em forma de extensão pela UFS. A organização de Polêmicas é feita pelo GEC (Grupo Pesquisa em Educação, Comunicação e Tecnologias). A coordenação dos eventos foi feita pelos educadores Nelson Pretto, pela UFBA, e Sule Sampaio, pela UFS, com a ajuda dos estudantes de graduação e pós-graduação da UFBA.

Polêmicas busca participar da formação cidadã dos estudantes e discutir temas relacionados a problemas atuais pelos quais a sociedade brasileira esteja passando.

O encerramento de Polêmicas contou com a presença de uma diversidade de representantes da sociedade brasileira, trazendo reflexões inerentes ao contexto pelos quais passamos na pandemia do coronavírus.

A partir da pergunta “Qual a nossa resposta a essa tristeza?”, os estudantes puderam pensar sobre as questões sociais de nosso tempo, tendo a arte como um dos alicerces.

Polêmicas é uma forma de juntar no mesmo espaço integrantes de diversas áreas do saber como artistas, intelectuais, educadores, estudantes, trabalhadores, representantes do Estado e demais segmentos da sociedade.

A atividade acadêmica prioriza a utilização de softwares livres. A plataforma onde os estudantes participam dos fóruns e acessam os recursos educacionais abertos é do Moodle; os áudios são editados no Audacity; as transmissões dos debates foram realizadas na plataforma MCONF, uma solução tecnológica criada em universidade pública; o material de divulgação das atividades foi construído no Inkscape, um esforço conjunto do grupo para dar mais segurança aos dados dos participantes do evento e promover independência quantos aos usos de recursos tecnológicos.

Até a próxima!


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Artigo de opinião publicado, em formato impresso, no jornal A Tarde, em 28 de dezembro de 2020.

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