Nem tão simples assim

Nem tão simples assim
Nem tão simples assim

Quando vi o livro Simples inteligência artificial na livraria fiquei bastante empolgado com o assunto e fui ver em casa se comprava uma edição em e-book, mas descobri na plataforma de vendas de livros que só havia a edição no formato físico. Sem saída resolvi comprar o livro físico mesmo assim e foi então que percebi que a melhor maneira de acesso àquele material era a impressa mesmo. Simples inteligência artificial tem um design muito bom, vem cheio de infográficos,  com páginas multicoloridas, um primor de trabalho gráfico. Mas o design bem elaborado tem um preço, pois é preciso que o material de confecção do livro seja de alto padrão para dar conta do também do alto do nível de arquitetura da página, o que traz dificuldade para uma gama maior da população em ter acesso ao conteúdo do livro. Com Simples inteligência artificial, é possível fazer tanto a leitura na vertical quanto na horizontal com muita facilidade, a obra opta pela sumarização dos conteúdos, o que ajuda no entendimento de um assunto nem tão simples assim. Talvez fosse melhor que o material não fosse feito com capa dura, pois isto dificulta manipular as páginas do livro, mas no geral, é bastante agradável manipular o livro.

Sobre os conteúdos, a obra traz um conjunto variado de assuntos, como uma breve história da inteligência artificial (IA), apreciações sobre inteligência artificial clássica, inteligência artificial estatística e filosofia da técnica. Termina o livro com uma pequena discussão sobre as implicações da IA para a vida cotidiana.

Algumas páginas, apesar de muito bem organizadas, ficaram com a leitura cansativa devido à má combinação de cores, resultando em mais esforço para leitura. As cores das páginas são bem dosadas, com exceção de algumas delas terem fundo azul, com fontes de cor preta, pois esta combinação ofusca a visão do leitor em textos escritos em suportes de pqpel. Os títulos são motivadores para cada tema, e os textos tiveram cuidadosas referenciações. Em alguns momentos, o leitor pode ter a sensação de estar lendo um pequeno glossário tal é a precisão das definições dos termos. 

 Os conteúdos discutidos no livro são de pertinência para a vida em sociedade neste início de século XXI e são fundamentais para aproximar o cidadão comum das especificidades dessa área do saber tão importante para muitas áreas do saber humano.

Como o livro usa e abusa da construção de texto multimodal (articulação de textos e imagens), dificilmente o material será disponibilizado no formato e-book. Pois é, nem sempre a melhor solução de leitura está nos formatos das telas multitoques.

Até a próxima!

Dados da obra

O que é? Simples inteligência artificial 《livro》

Quem editou? Globo Livros

Quando foi lançado? 2023

Qual o local? Rio de Janeiro, RJ

Quem escreveu? Hilary Lamb, Joel Levy e Claire Quigley

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Milton Nascimento mais do que ao vivo

Milton Nascimento ao vivo

Os dois primeiros discos (LP) que adquiri quando comecei a trabalhar foram os de Maria Bethânia (Ciclo) e Milton Nascimento (Milton Nascimento ao vivo). Sobre o disco de Bethânia já comentei algo por aqui. Agora é o momento de escrever sobre Milton Nascimento ao vivo, que neste mês de novembro completa 40 anos de lançado, um marco na história da Música Popular Brasileira.

Na capa a imagem de Milton aparece dentro de um quadro de tom escuro. Milton aparece com um sorriso leve, como se estivesse olhando para nós. No título apenas um simples Milton Nascimento ao vivo. O disco é no formato LP Long Play), um “bolachão” como eram conhecidos aqueles discos grandes, geralmente de cor preta, com 30 cm de diâmetro.

Na primeira face do disco, chamada de Um lado aparecem em uma sequência branda e comovente de músicas que mexem com o sensível: E a lua nos mostra sua face iluminada, acompanhada de o Coração de estudante, que abre passagem para A noite de meu bem, uma noite enluarada vista de uma Paisagem na janela. Em seguida a livre expressão do popular sobrevoa como um pássaro em um Cuitelinho e um Caxangá. Somos nós que entramos em estado de graça “Nos bailes da vida”.

Do Outro lado, “A terra é azul” e lá pelo Nordeste há um Menestrel das Alagoas, uma expressividade nacional de uma nação chamada Brasil, que, talvez, quem sabe, por conceber uma Canção do novo mundo sob Um gosto de sol, bem Solar, como uma homenagem Para Lennon e Mccartney. E assim o ao vivo, muito vivo, Milton Nascimento nos embriaga e nos torna mais brasileiros.

Obrigado, Milton, pelos 40 anos ouvindo esse peculiar disco ao vivo.

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Bônus

No encarte do disco, uma pérola de Ferreira Gullar:

E a história humana não se desenrola apenas nos campos de batalhas e nos gabinetes presidenciais.

Ela se desenrola também nos quintais, entre as plantas e galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquinas.” Ferreira Gullar {encarte do disco Milton Nascimento ao vivo, 1983}.

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O que  é? Milton Nascimento ao vivo 

Quando foi lançado? 1983

Onde foi gravado? Anhembi, São Paulo, dias 1, 2 e 3 de novembro de 1983

Quanto tempo? 46:56 min

Qual é a gravadora? Barclay

Quem produziu? Marco Mazzola

Mais alguma coisa? A participação especial de Gal Costa

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Até a próxima!


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Brevíssima história, mas não tão breve assim

Figura IA
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Em tempos de metonímias como a do ChatGPT, é preciso estar informado para não mergulhar em ondas pessimistas de que as coisas têm de ser assim e que o melhor seja esperar para ver o que irá acontecer ou cair em um engodo otimista de que uma técnica milagrosa fará tudo para nós, e o paraíso cibernético se instaurou em nossa vida para sempre. 

É necessário parar, observar a conjuntura, para ver como as estruturas estão se movendo, estudar, estudar, estudar, para não agir de forma precipitada e equivocada, e partir para as ações pertinentes sobre as situações do mundo presente.

Quanto ao pertinente ato de estudar, conforme já propunha Paulo Freire lá na segunda metade do século XX, um bom caminho é a leitura do livro Inteligência Artificial: uma brevíssima introdução , de Margaret Boden. Trata-se de uma abordagem cheia, densa e intensa que se concretiza em pouquíssimas páginas. Do jeito que o tema inteligência artificial é extenso e amplo, a expectativa que se cria é de visitar compêndios de centenas de páginas para um mínimo entendimento do tema.

Mas Boden tem uma forma de expressão leve, sem perder o compromisso de explicitar os aspectos técnicos que um cidadão na condição de leigo precisa entender para estar atualizado sobre o assunto. Boden consegue escrever muito com poucas palavras.

Inteligência Artificial: uma brevíssima introdução traz logo no início uma discussão conceitual sobre os sentidos hoje criados sobre inteligência artificial (IA) de forma a localizar o leitor sobre uma das questões centrais dos modos de existência dos humanos no século XXI. Junto à conceituação há também um breviário histórico sobre o processo de criação de um dos maiores bens culturais que a humanidade já concebeu.

Em seguida ao processo introdutório dos modos de existência da IA, Margaret Boden busca desmistificar algumas ideias sobre a IA que pode levar o cidadão a um endeusamento dessa área do saber. Segue a narrativa abordando as inter-relações entre a IA e a tríade linguagem, criatividade e emoção, ao qual a autora aprofunda a temática por meio da discussão de especificidades técnicas sobre a IA quanto a este objeto técnico está próximo de alcançar e superar as capacidades humanas (físicas, cognitivas, sociais, artísticas e emocionais).

Após as preleções sobre IA, linguagem, criatividade e emoção, a autora discorre sobre aspectos mais aprofundados sobre a cognição humana e a cognição maquínica, tecendo comentários sobre Redes Neurais Artificiais, segue a jornada tentando esclarecer sobre vida artificial e robôs e formula uma questão: “Mas será que isso é inteligência de verdade?”. Quer saber a resposta, leitor? Vá às fontes, leia o livro! 

O último capítulo trata da singularidade, um controvertido e polêmico assunto na área de IA que precisamos estudar com muito apuro, principalmente no contexto deste ano de 2013, em que o assunto Inteligência Artificial Generativa foi uma das principais pautas de notícias nas mídias em termos globais.

No pós-texto há um quadro de referências bibliográficas por capítulo, o que facilita o aprofundamento sobre o tema para as pessoas que queiram se inteirar mais sobre o assunto. Há também um quadro chamado de Leituras Complementares, que pode ajudar os interessados em IA a progredirem na aprendizagem do tema e ir além de conhecimentos propedêuticos. A última seção do livro é um índice remissivo que é sempre muito bem-vindo neste tipo de obra.

Sobre a autora

Depois que terminei a leitura ainda deixei o livro na mesa de leitura, junto com outras obras ainda não lidas, pois sei que ainda voltarei para muitas releituras sobre este tema tão intrigante como é o da inteligência artificial.

Margaret Boden é professora da área de ciências cognitivas e pesquisa inteligência artificial. Ela nasceu no Reino Unido e atualmente trabalha na Universidade de Sussex.

Dados da obra

O que é? Inteligência Artificial: uma brevíssima introdução {livro}

Quem é a autora? Margaret A. Boden

Quem produziu? Editora Unesp

Quando foi lançado? 2020 (2018)

Quem traduziu? Fernando Santos


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