As enchentes e a precariedade dos rios brasileiros

Rios & vida

Quando é possível saio por aí afora conhecendo um pouco o interior da Bahia, uma atividade muito prazerosa.

Já atravessei o estado de leste a oeste, chegando a municípios como São Desidério, nos limites entre Bahia e Goiás. É muita caminhada. De Norte a Sul, já rodei pela BR 101, de Riachão de Jacuípe até Mucuri. São muitas cidades pelo caminho. Também saí de São José da Vitória, Bahia até Brasília, DF, uma extensa travessia. E ainda faltam muitos trechos para eu conhecer no estado. É, muita aventura me espera.

Nestas viagens há sempre algumas coisas em comum: rios secos, cheios de ervas daninhas, sem nenhum tipo de tratamento. Outra situação são as muitas casas construídas nas beiras dos rios, até mesmo dentro dos próprios rios. 

No período seco, aparentemente não há perigo em se construir casas na beira-rio, afinal de contas essas áreas estão secas há meses ou anos.

A invasão da beira-mar não acontece somente por casas de pessoas humildes, muitos comerciantes constroem empreendimentos aos arredores, criando uma cultura de vida na beira-mar. Condomínios de pessoas com alto poder aquisitivo também são construídos próximos de áreas ribeirinhas.

Ainda dentro de grandes empreendimentos são construídas represas para sustentar os agronegócios locais. A construção de represas deveria ter acompanhamento e fiscalização, devido ao alto risco de esses negócios causarem danos ao ambiente, mas parece que o mundo é um paraíso formado por esses ideários comerciais, o que resulta em pouco acompanhamento dessas construções.

Os problemas de tais conjunturas só aparecem quando ocorrem grandes volumes de chuvas que fazem rios quase mortos se insurgirem contra as cidades, deixando as populações locais em estado de calamidade pública.

É claro que chuvas fora do comum poderão trazer consequências não previstas para a sociedade, mas existe um conjunto de elementos que contribui para piorar mais a situação das populações afetadas.

E não precisa ser ecologista para perceber a sujeira nos rios provocada pela ocupação desregulada e a quantidade de resíduos industriais tóxicos que são lançados cotidianamente nos rios sobreviventes. Como a natureza aguenta?

Quer mais? Já percebeu a quantidade de lixo produzida pelos empreendimentos turísticos após os passeios de final de semana ou feriadão? É o turismo predatório que, como o deus Cronos, abocanha tudo que ver na frente.

Quando as grandes catástrofes acontecem, a mobilização predominante é para as consequências e não se olha com atenção as diversas causas que provocam os acidentes na natureza e, em consequência, problemas sociais difíceis de resolver. 

E o mais interessante são os discursos culpando a própria natureza pelos prejuízos que nós humanos produzimos, um encobrimento sobre os reais responsáveis pelos problemas sociais causados nas comunidades locais.

Ressalto que os problemas aqui relatados não estão circunscritos à Bahia, eles são encontrados em todas as regiões brasileiras. É uma roda viva que atravessa a sociedade brasileira e que precisa ser discutida com mais atenção.

Até a próxima!


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O luto

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O EPraxe em 2021

O EPraxe em 2021

O ano de 2021 foi muito intenso, pois ficar em casa por conta da pandemia do coronavírus fez com que eu me dedicasse mais à pesquisa e à publicação para o EPraxe.  Isto tudo me faz lembrar de uma mensagem que vinha nos livros dos cursos a distância da Universidade de Brasília: “Quem tem medo de crise não cresce”. Ainda continuo respeitando muito a crise, pois há forças na pandemia que eu desconheço, mas venho trabalhando o medo que de vez em quando se apossa de mim e vou enfrentando as intempéries com muita leitura e muita escrita.

E o resultado destas labutas pode ser apreciado nas sugestões de leitura abaixo.

Biblioteca Aroeira

Os afrodescendentes e a crítica cultural

As redes caíram, e a vida continuou

Quando os livros esperam por você

Olhos cheios de vida

Vilém Flusser e a questão da técnica

As desigualdades em comum

A bola de cristal e a cartomante

A fase pré-capitalismo de vigilância

Dez argumentos para navegadores

O dia da balbúrdia

Eu no divã

Sob os cânticos de Maria Bethânia

A questão da jaca de pobre

Preciso falar com uma atendente

Até a próxima e que venha 2022!!!


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Pensar faz bem – Shoshana Zuboff

Pensar faz bem - Shoshana Zuboff
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Análise de discurso para todas e todos

Linguistas e-ou não linguistas - eis a questão
Linguistas e-ou não linguistas – eis a questão

Existe uma tendência de ver a teoria e a prática como coisas separadas, principalmente quando a pesquisa tem origem em ciências sociais. Mas teoria e prática precisam andar juntas na jornada de pesquisa, e é isto que argumenta o livro Análise de discurso crítica para linguistas e não linguistas. O livro traz contribuições de pesquisadoras e pesquisadores, que se debruçaram em estudar a praticar a análise crítica de discurso (ADC), ao discutir aspectos da prática de pesquisa em discursos para um público mais abrangente, tendo como eixo o discurso inserido em práticas sociais. Isto em uma linguagem acessível a não-linguistas, sem perder o rigor que toda abordagem metodológica precisa ter. Assim, a obra abre espaço para que pesquisadores de áreas que não sejam da linguagem possam também ter a análise de discurso como alicerce da pesquisa científica.

O livro foi elaborado a partir de duas dimensões: teoria e método. Na primeira parte os autores exploram as bases teóricas da abordagem metodológica e alguns dos conceitos-chave que sustentam a referida teoria. Também há uma contextualização histórica da análise de discurso crítica e uma discussão sobre discurso e prática social.

Já na segunda parte, a do método, os autores abordam as categorias de análise da abordagem, discutem especificidades da análise de discurso crítica no âmbito da análise da mídia e analisam os possíveis entrelaçamentos entre a análise de discurso crítica e a etnografia. No final há um texto bem comentado sobre questões da análise para as práticas do dia a dia para quem tem interesse em trabalhar com análise de discurso crítica.

Os textos são autônomos e podem ser lidos em qualquer ordem, a depender da expectativa e experiência de vida do leitor, mas a autonomia não impede que haja uma conversa entre todos os autores quanto ao tema maior de análise de discurso crítica, o que faz do livro uma leitura agradável, prazerosa mesmo, e de muita aprendizagem.

Vou deixar aqui um aperitivo para quem ainda está em dúvida sobre a leitura do livro:

“A ADC prioriza temas da realidade social que implicam relações de desigualdade, distribuição ou partilha de poder desigual e injusta, opressão, manipulação ou disputa pelo controle da ordem política e econômica em detrimento da sociedade ou de minorias ou segmentos sociais específicos.” André Ricardo Nunes Martins, em Análise de discurso de mídia, p. 167.

Sobre a obra

O que é? Análise de discurso crítica para linguistas e não linguistas
Quem organizou? José Ribamar Lopes Batista Jr., Denise Tamaê Borges Sato e Iran Ferreira de Melo
De qual editora? Parábola
Quem escreveu? André Ricardo Nunes Martins, Décio Bessa, Denise Silva Macedo, Denise Tamaê Borges Sato, Iran Ferreira de Melo, Josenia Antunes Vieira, José Ribamar Lopes Batista Jr., Luciane Cristina Eneas Lira, Paulo Roberto Gonçalves-Segundo, Regysane, Solange de Carvalho Lustosa e Solange Maria de Barros



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